terça-feira, 27 de maio de 2014

Os Laços Invisíveis




Oi, meu filho.

Há alguns dias atrás tirei essas fotos suas com a Dona Flora. 
A Dona Flora tem 88 anos. E ela existe na nossa vida desde que sua avó veio de Portugal, com 10 anos de idade. Ela poderia ser minha avó, sua bisa... Mas não é. Na verdade, só nos falta o laço de sangue, porque amor e carinho sobram.
Dona Flora está presente nas minhas mais doces recordações de infância. Ela morava pertinho da gente e eu me lembro de voltar do colégio e passar na casa dela antes de ir pra casa. Sempre tinha um guaraná, daqueles vendidos na Kombi que passava na rua. Ela comprava pra mim, sabia que eu iria e já me esperava.
Cresci ouvindo ela me defender. Sabia que era preferida e que me amava independente de qualquer vínculo familiar.
O tempo passou, nos mudamos de bairro, mas Dona Flora sempre acompanhou meu crescimento, minhas conquistas e sempre tive seu ombro por perto. E eu sou muito grata a ela por isso. E grata a Deus por permitir que possamos viver esse momento aí da foto.
Olhar você no colo dela enche meu coração de ternura. Que sorte a nossa. Que sorte saber que não precisamos de laços de sangue pra viver esse amor, esse carinho... 
Rezo para que você saiba, meu filho, que o amor é um sentimento que a gente cultiva e rezo para que o cultive em muitas pessoas à sua volta. E que saiba ser grato, saiba que sim, somos responsáveis por quem cativamos. Aprenda, meu pequeno, que o amor é livre, é solto, não precisa de outros laços a não ser o do coração. Reconheça sempre, Rafael, o carinho das pessoas que te querem bem e cultive-o. 
E obrigada, Dona Flora, por tanto carinho na minha vida.

Tomara que você ame muito, meu filho.

Um beijo.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

4 Meses - Os dias são longos, mas os anos são curtos



Oi, filho!


Li essa frase do título aí em cima outro dia e ela ficou martelando na minha cabeça. Era um texto sobre maternidade com o qual me identifiquei muito.
Desde que seu pai voltou a trabalhar, passo meus dias aqui sozinha com você. Sim, ele faz muita falta aqui no nosso dia-a-dia e tudo fica mais fácil quando ele tá aqui e nossa família se completa.
Mas enquanto a licença paternidade não se estende aqui no Brasil, os dias aqui são nossos: meus e seus. São dias de aprendizado, de adaptação, de crescimento.
Aos poucos vou aprendendo o que é melhor pra você, o que é melhor pra mim, e como podemos aproveitar melhor nosso tempo.

Com o passar dos dias aprendi a organizar melhor seus horários, a distrair você de várias formas e entender mais facilmente o que você demanda. A gente canta nossas músicas preferidas na cama quando acorda e tira uma foto pra mandar pro papai. Pausa para mamar. Uma golfadinha. Tira o pijama, troca fralda, toma remédio. E passeamos pela casa, às vezes carrinho, às vezes colo, às vezes sofá. Tomo café. Mais um mamazinho, algumas golfadas. Depois a gente desce. Tem dias que a gente vai pro play pegar um solzinho. Outros a gente vai pra rua caminhar com o carrinho. Ou entao no sling. Ah, o sling... A mamãe simplesmente adora passear com você no sling. E vc dorme quase sempre... ou então vai sorrindo pras pessoas... Vamos andando pela rua e ganhando sorrisos e gracejos. É uma delicia. Voltamos pra casa cansados, eu e você. Outra mamada, outras golfadas. Troca fralda. Você tira um cochilo e eu aproveito pra fazer coisas em casa. Tem vezes que você não cochila e eu não faço nada. E assim passamos nosso dia entre sonecas, colos, mamadas e golfadas e alguns chorinhos. Tem dias que é assim mesmo, tem outros que você se irrita com o refluxo e chora mais, dorme menos e quer mais colo. E colo não se nega, né? Principalmente pra um bebê fofo como você.
Quando vi a frase que diz que os dias são longos pensei na nossa rotina. Pensei em quantas coisas fazemos e no quanto pode ser exaustivo cuidar de você aqui sozinha. As costas queimam e os braços doem, nem sempre consigo comer ou ir ao banheiro, nem trocar minha roupa golfada. Os dias são mesmo longos, pensei eu....
E então me voltei pra outra parte: os anos são curtos. Nossa... Já se passaram 4 meses que você nasceu. Daqui a muito pouco tempo você vai ser um menininho levado correndo por aí. Tá tudo passando tão rápido. E dei graças a Deus pelos nossos dias longos, por acompanhar cada detalhezinho do seu crescimento, por ver sua primeira gargalhada, seu primeiro gritinho, por presenciar como você cresce e engorda um pouquinho a cada dia... Que feliz aproveitar esses dias longos e cansativos ganhando uma gracinha nova brincando juntos ou um olhar apaixonado enquanto você mama. Ah, Rafael, nossos dias longos ficam cheios de sentido quando penso em tudo que temos pra viver com você em tão pouco tempo de infância.
Que Deus permita que esses longos dias virem doces recordações da sua infância na nossa memória, de momentos lindos, de cansaço, mas de aprendizado, de desespero, mas de alegria, de falta de tempo, mas com amor de sobra. E que os anos durem mais...
Te amo, filho.