terça-feira, 16 de dezembro de 2014

É Natal!!!!

Oi, filho!

O Natal chegou. O seu primeiro aqui fora, né?
Essa é uma época do ano sempre super corrida, com muitas coisas pra terminar.
As pessoas querem se encontrar pra confraternizar, comemorar mais um ano terminando, trocar presentes e fazer promessas a serem cumpridas (ou não rs) no ano que vai começar.

As casas se enfeitam, há árvores de Natal lindas por todos os lados, milhares de luzinhas coloridas se espalham pela cidade, os shoppings capricham cada vez mais na decoração e o Papai Noel está presente em todos os lugares encantando as crianças (ou não rs). As crianças amam essa data, escrevem cartinhas pedindo presentes e aguardam ansiosamente pela manhã do dia 25 para ver se seus pedidos foram atendidos.

Mais do que isso o Natal significa pra gente o nascimento de Jesus, uma data muito feliz pra gente renovar a fé e celebrar o amor.
Eu e seu pai adoramos essa época pelo significado religioso que tem. Por isso sempre passamos a noite de Natal na igreja, comemorando com o aniversariante da noite.

Agora com você aqui, tudo fica mais especial ainda. 
Tem sido uma delícia levar você pra ver tantos lugares com a decoração natalina. Você AMA as árvores com as bolinhas coloridas penduradas, aponta e fala: "Bó!".... É uma lindeza. Ainda não conseguimos um encontro amigável com o Papai Noel, mas isso nem é o mais importante....

Certamente, na noite de Natal eu e seu pai estaremos mais uma vez em oração, dessa vez com muito mais motivos para agradecer, renovando nossas esperanças, sem mais nada pra pedir, porque 2014 foi só de bençãos.

E que essa sua alegria, que registramos nesse vídeo aí seja sempre luz pros nossos dias.

Feliz Natal, Rafael!




11 meses - Como chegamos até aqui?

Oi, filho!







Estamos quase no fim do ano.
Esse ano que foi o mais incrível da minha vida.
Foi maravilhoso. Louco, intenso, cansativo, doce, emocionante, desesperador, desafiador... Mas acima de tudo maravilhoso.

Nem pelas mais sensatas previsões é possível saber o quanto um bebê pode mudar sua vida, não quando a gente mergulha de cabeça, de corpo e alma nessa aventura como eu e seu pai fizemos. Quisemos, planejamos, conseguimos. Parece até matemática, né? Mas não... Não é simples, nem objetivo assim. É preciso aprender a lidar com imprevistos, com a falta de controle, com mudanças de planos. É preciso aprender a flexibilizar, a transigir, e fazer novas escolhas o tempo todo.

E assim as coisas vão acontecendo, às vezes conforme planejamos, outras de acordo com a nova situação.
Dentre todas escolhas que fiz quando planejamos sua vinda, uma das mais importantes foi a de ter você comigo no seu primeiro ano de vida.
Sabia que seria difícil, sabia que encontraria muitas demandas, mas sabia que seria o melhor pra você... E pra mim.

E assim foi. Assim estamos até hoje, juntos todos os dias, pra lá e pra cá.
Você aqui comigo, ainda amamentado na livre demanda. Chegamos até aqui. Foi trabalhoso, foi uma correria.

Certamente não consegui cumprir com todas as demandas profissionais, mas retomei aos poucos algumas funções. E isso só foi possível graças aos vários anjos da guarda que eu te arrumei, filho:

A equipe CCAA Del Castilho.

Eles acompanharam toda nossa gestação. Faziam minhas vontades, escutavam meus papos intermináveis sobre parto, se preocupavam e dividiam comigo lanchinhos deliciosos.
Desde que você nasceu foi recebido por eles como membro da família.

Sempre que você chega pra trabalhar comigo, é recebido com sorrisos, brincadeiras e aconchego. Nunca te faltou um colinho, nem quando você golfava tudo e sujava todo mundo. Eles acompanharam seu difícil ganho de peso. Ajudaram na introdução alimentar. Vibraram quando começou a engatinhar. Já entendem e estimulam suas primeiras palavras. Competem pra ver o nome de quem você vai falar primeiro. E olha que os nomes são difíceis hein... Morrem de rir das suas gracinhas, te ensinam coisas novas e correm pra te entregar pra mim quando você faz cocô ou quer mamar.

Toda essa minha correria e loucura desse ano valeu muito a pena. Ter você comigo em todos esses momentos que não voltam mais não tem preço. E isso só foi possível com o carinho dessas pessoas tão queridas no nosso caminho.

Que sorte a nossa, filho.

Sua, por ter sido acolhido assim, de coração, de forma tão querida.
Minha, por voltar à sala de aula, com a tranqüilidade de saber que você está bem, logo ali do lado.

Ano que vem você vai pra creche.
Crescido, andando, falando do seu jeitinho. Seguro, socializado e mamando no seu novo tempo.
Que bom que conseguimos.
Que bom que eles estiveram com a gente esse tempo todo.

Obrigada, queridos!















segunda-feira, 17 de novembro de 2014

10 meses - A saudade que chega

Oi, filho.

Numa dessas manhãs sentada no chão do seu quarto enquanto brincávamos, olhei pra você e senti um aperto no peito. Observei a agilidade com que se locomovia, ora engatinhando ora em pé mesmo, apoiado nos puxadores das gavetas. Desbravava o quarto, sem medo nenhum, alcançando coisas aqui e ali, jogando pra lá e pra cá e me olhando com um ar orgulhoso de conquista cada vez que conseguia o que buscava.
Senti um ar de despedida, uma saudade de um tempo que ainda tá passando, mas que em muito breve vai ser apenas uma recordação.

A verdade é que hoje você faz 10 meses e a perspectiva da chegada do seu aniversário de 1 ano tem mexido comigo. E nessa manhã eu senti de forma muito concreta o fim de uma fase. Você chegou aqui um bebezinho fofo, fez uma reviravolta na nossa vida, encheu de doçura nossos dias e nos ensinou uma nova maneira de viver. Agora você é um menininho ligeiro, que repete em alto e bom som tudo que a gente fala, com mãos espertas que pegam tudo, tem um olhar que vive "escaneando o mundo", como diz um querido amigo nosso, e pezinhos que se esforçam pra caminhar com a vontade de quem sabe o tanto de coisa quem ainda tem pela frente. Parece pouco, mas é um salto enorme.

Sabe, Rafael, nessas horas agradeço a Deus pela chance de poder ter estado com você em absolutamente todos os momentos do primeiro ano da sua vida. Não houve um só dia em que não vivesse intensamente essa aventura de descobrir a vida do seu lado. Aproveitei todas as delícias e sofri todas as dores. E mesmo assim, já sinto saudade. Uma coisa meio triste, meio feliz. Uma nostalgia e um orgulho. Foi esse aperto no peito que senti nessa manhã, do tipo "borboletas no estômago", de quando a gente sabe que algo bom está por vir, mas precisa abrir mão do que tem agora.

Se é pra vir, que venha, então.
Que a gente descubra junto toda essa vida que vem pela frente.
Que eu aprenda com você essa coragem de levantar, cair e seguir, sem muito mimimi.
Que eu tenha sempre a sua curiosidade pelo mundo.
Que eu saiba aproveitar todos os minutos acordada pra aprender coisas novas.
Que tenha, como você, sempre um sorriso pra quem chegar perto, iluminado como o seu.
Que o meu coração aprenda com o seu, como se manter puro.
E que o amor que envolve a nós três seja sempre forte pra enfrentar o que está por vir.

Amo você, filho.







domingo, 19 de outubro de 2014

9 meses - Eleições e Lições

Oi filho!

Hoje você completa 9 meses. 
Cada dia mais esperto, mais curioso e simpático. Sim, daqueles bebês que riem pra todo mundo, fazem gracinhas pra estranhos e não estranham colo de ninguém. Se alimenta bem, engatinha, fica em pé com apoio, adora banho (de chuveiro, de banheira e de piscina), dá tchau, diz NÃO com a cabecinha, tem quatro dentes e mama, mama, mama. 
Nesse mês em que você completa 9 meses e faz a gente morrer de amor a todo instante, estamos passando por uma época de eleições. Um momento importante para o país em que decidimos entre dois candidatos  ao cargo de presidente da república. 
Diferente de todos os outros períodos de eleições pelos quais já passei, esse apresentou o uso de uma ferramenta que poderia ser muito proveitosa se fosse usada de forma consciente: o compartilhamento de informações pela internet. Estranhamente, as pessoas perderam a oportunidade de usar a internet para conhecer propostas, estudar planos de governo, saber sobre histórico dos candidatos e resolveram usar redes sociais para atingir, ofender e atacar seus próprios amigos com intenção de voto diferente.
Nessas últimas semanas vi posts de xingamentos e ironias, pessoas irritadas e descompensadas com a possibilidade de seus amigos não votarem no mesmo candidato que elas. Tudo muito esquisto.
E o que isso tem a ver com você, meu filho?
Quase tudo que acontece agora me remete a você. Tenho pensado no quanto quero te ensinar sobre respeitar as diferenças, sobre se colocar no lugar do outro, sobre não ter preconceitos e sobre cultivar amizades. 
Tenho pensado no quanto quero te mostrar que a vida nos apresenta muitos caminhos e cada um escolhe o que é melhor pra si e a amizade continua. 
Quero muito que você aprenda que as pessoas podem ser o que quiserem se continuarem respeitando o próximo. Que ter liberdade de expressão não significa destilar ódio e estimular agressividade por pessoas ou coisas  com as quais não concorda. 
Tomara que a sua geração venha com o coração mais aberto, com mais gentileza, com bom humor. Que saibam fazer suas escolhas de forma inteligente e que aceitem as diferentes. E que se amem.
Ainda vamos conversar muito sobre o amor, filho, esse sentimento com que você preenche nossas vidas e que anda faltando por aí...

Um beijo, filho.


quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Adolescentes

Oi, filho!

Ontem enquanto dava aula pra minha turma de adolescentes pensei em você. 
Pensei em como gostaria que você fosse daqui a alguns anos quando estiver no lugar daqueles meninos, ocupando aquelas carteiras. Uma bobagem, eu sei. Não posso e não devo projetar expectativas pra situações ainda tão distantes... Eu sei.  
Mas olho aqueles meninos às vésperas da prova, uns prontos, com exercícios feitos em dia, outros atrasados terminando tudo em cima da hora e outros ainda nem aí pra nada.
Olhei pra eles e me perguntei qual caminho teriam percorrido pra chegar até aqui dessa forma. Como teriam seus pais agido para que cada um deles se transformasse num adolescente estudioso ou relapso ou enrolado ou mesmo alheio a tudo que nos parece importante? Seria a atitude deles uma consequência absoluta da criação que recebem? Como fazer para que um bebezinho fofo como você cresça sabendo da importância do conhecimento, da educação formal, sem fazer disso uma obrigação enfadonha, entendendo a graça de aprender o mundo? Como achar o equilíbrio entre criar um jovem que estuda perdido em ambição, obrigações e competitividade e um que não quer estudar nada, não se anima, não se interessa e não vê graça em aprender? Que difícil.
Sabe filho, eu adoro trabalhar com adolescentes. Adoro essa fase dita difícil, de crescimento, de transformação, descobertas e dúvidas. Observo, escuto, converso, descubro e aprendo. É fascinante. Confesso que tenho uma predileção pelos mais espontâneos. Aqueles que estudam sim, tiram notas boas, mas sem perder a leveza, sem a seriedade do mundo adulto, sem a perspectiva de terem que ser melhores em tudo, sem a chatice de ser um "CDF"...  São geralmente engraçados, cativantes, inteligentes, e gostam de aprender. Às vezes até atrapalham a aula. E eu quase sempre deixo. E me divirto. Encarar as responsabilidades da vida com leveza e bom humor é uma virtude. Como será que conseguimos criar jovens assim? Ontem, olhando esses meninos, pensei em você e essa pergunta ficou aqui martelando. 
Fui pra casa e enquanto brincávamos no chão do quarto com seu pai, ri de mim mesma. Você ainda nem anda e eu aqui já pensando na sua adolescência. 
Um passo de cada vez, né? 
Tomara que eu e seu pai saibamos fazer o certo, que a gente encontre o caminho do equilíbrio e que você seja um desses adolescentes gente boa, divertido, que dá orgulho nos professores, e nos pais, é claro.
Te amo, filho.













quinta-feira, 18 de setembro de 2014

8 meses - Um novo tempo

Oi, filho!
Esse mês escrevi três cartas pra você, mentalmente. Não consegui digitar nenhuma. O tempo me consome e os dias agora ficam cada vez mais curtos.
De um mês pra cá muitas coisas aconteceram e parece que um tempo enorme se passou.
Voltei a dar aulas diariamente. Nossa ajudante aqui de casa foi embora. Sua alimentação cada vez mais variada demanda mais tempo. Nossas brincadeiras no chão fazem uma bagunça enorme. Seus cochilos diurnos são cada vez mais curtos.
Quando me vi tendo que dividir um dia em atividades domésticas, brincadeiras, amamentação, alimentação complementar, fraldas, preparação de aulas, aulas, correção de exercícios... Tive certeza que não daria conta.
Sei que essa é a realidade da grande maioria das mães, mas a gente leva um tempinho pra se adaptar,   organizar a nova rotina e controlar o tempo.
Ah, o tempo... Depois que você nasceu o tempo pra mim tem um novo significado, uma nova dimensão.  Frequentemente me pergunto o que fazia com o meu tempo antes de você nascer... Certamente não sabia como otimizá-lo nem aproveitá- lo da melhor maneira.
Enfim... Depois que me refiz do susto dessa nova realidade, decidi que ia dar conta sim, claro, junto com seu pai.
E no meio de toda essa correria, praticamente uma maratona, olhei pra você de novo. E vi um bebê grande. Percebi que você não era mais aquele recém-nascido molinho que só se acalmava no peito. Olhei um bebê sentadinho no chão, descobrindo o mundo, com uma energia sem fim, manuseando brinquedinhos, colocando tudo na boca, escalando móveis pra ficar em pé, dando tchau com a mão, gargalhando, experimentando novos sabores e vocalizando sons divertidos o tempo todo. Sim, ainda mamando em livre demanda e louco por um colinho, mas de certa forma interagindo muito mais com a gente e fazendo da minha maratona um desafio maravilhoso.
Entendi que nós dois crescemos juntos e juntos nos adaptamos à nova rotina e damos conta de tudo, sim. É verdade que sem seu pai tudo seria mais caótico, mas nós três trabalhamos muito bem em equipe e até agora tá tudo dando certo.
De vez em quando bate um desespero, o corpo quase não responde de tanto cansaço, mas sempre proporcional à felicidade de acompanhar você crescendo lindo e saudável.
Já aprendi que é importante sair do meio do furacão, olhar a situação de fora, ter uma visão macro pra sentir que a vida vai passando em fases e o que às vezes nos parece um mega problema é a vida acontecendo e que ela sempre nos compensa com um lado bom se a gente souber valorizar o que importa de verdade.
Tomara que você aprenda cedo que ser feliz é um trabalho diário e que precisamos sempre cultivar as coisas boas, sem valorizar demais as dificuldades. Eu já aprendi. Graças a Deus.
Estamos vivendo agora uma nova fase, um novo tempo. Você cresceu pra caramba nesses oito meses, mudou nossa vida, nossa rotina, nos mostrou uma nova dimensão do tempo e nos ensina uma coisa nova a cada dia. E um amor que só faz crescer.
Obrigada, Rafael.






segunda-feira, 18 de agosto de 2014

7 meses - Um mundo de novidades

Oi, filho!

Tão lindo você está, meu amor...

7 meses e tantas coisas novas...

- tem o olhar cada vez mais curioso
- leva todos os brinquedos (e não-brinquedos) à boca
- 2 DENTES!!!
- adora banana amassada
- não gosta de nenhuma outra comidinha e faz um escândalo danado pra comer
- não para quieto na hora de trocar a fralda, dificultando bastante o processo
- adora tomar banho quentinho com a gente no chuveiro
- acorda bem humorado
- quase senta sozinho
- faz apoio com a mão pra se levantar sozinho
- rola na cama o tempo todo e por isso...
- já caiu da cama
- chora gritando alto pro prédio inteiro ouvir
- continua acordando duas vezes de noite pra mamar
- adora música
- puxa óculos, cordões, etiquetas e botões
- sempre chora no restaurante na hora que eu e seu pai vamos comer
- fala da da da, ma ma ma e buuuurrrrrrr
- ama passear no sling
- olha pra câmera e sorri na hora da foto
- fica cada dia mais simpático, sorrindo pra todo mundo que mexe com você
- quando tá no colo de alguém, olha em volta, cruza o olhar com o meu, abre um sorriso, se joga pra mim e me mata de amor...

Amo cada dia mais, meu pequeno.




sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Dia dos pais






Oi, filho!
Esse é o nosso primeiro dia dos pais.
Sei que ainda vamos passar por muitos juntos e que daqui a algum tempo você mesmo vai preparar presentinhos fofos pro seu pai, mas esse é o nosso primeiro. Tem gente que acha que é apenas uma data comercial, e pode ser que seja mesmo, mas preciso aproveitar essa deixa pra falar do seu pai pra você... Certamente, daqui a alguns anos quando você ler essa carta, você já vai saber o pai incrível que tem, mas o meu coração tem memórias especiais que preciso dividir com você, coisas sobre o seu pai, que você precisa saber...
O seu pai tem um jeito nervoso e esquentado, que quem conhece mais de perto sabe que é engraçado e inofensivo. Ele gosta de dizer que é antissocial, mas tem um monte de amigos que sabem o quão leal e generoso ele pode ser. Sim, ele é estressado, tem mania de limpeza e organização, come mal e fala palavrão, mas é justo demais e tem um coração enorme. E chora... Cuida da gente com tanto carinho, manda flores, escreve bilhetes, faz surpresas lindas e chora quando o sentimento transborda e não dá pra conter.
O seu pai me deu o maior abraço do mundo e chorou comigo quando soubemos que você chegaria. 

Ele nos acompanhou em todas as consultas do pré-natal e viu você em todas as ultras. Leu todos os textos sobre parto, amamentação e criação que eu pedi e comprou todas as minhas ideias.
Preparou o seu quarto nos mínimos detalhes com as próprias mãos, pintou, martelou, pregou, pendurou, instalou.
Segurou toda a ansiedade dele (que não é pouca) quando você demorou pra querer chegar e chorou de novo abraçado comigo quando você deu os primeiros sinais de que tava na sua hora. Enfrentou o medo de hospital e esteve do meu lado o tempo todo enquanto você nascia, segurando minha mão e me fazendo sentir segura. Apresentou você no berçário, todo orgulhoso e emocionado. 
Ele tirou férias pra cuidar da gente, sabia? Ficamos nós três em casa, por 50 dias e sem ele não teríamos conseguido.  Cuidou dos curativos da minha cirurgia, cuidava da casa , de você e de mim e nunca cansava. Amamentou você com meu leite através de uma sonda na mão, enquanto você não conseguia mamar. Foi o meu maior apoio nesse tempo em que você perdia peso e eu me desesperava e tinha medo de não conseguir. Acordava comigo todas as vezes pra cuidar de você. Foi lindo ver como seu pai nasceu junto com você e como meu amor e admiração por ele cresceram absurdamente.
Seu pai fez uma tatuagem linda do seu pezinho e ele morre de medo de agulha!  Um amor impresso pra sempre.
Quando as férias acabaram, vocês se separaram pela primeira vez. Ele ficou um longo tempo com você no colo e chorou. Precisava ir trabalhar e voltar ao mundo lá fora. Sem você. Aos poucos nos acostumamos com a nova rotina. E mesmo trabalhando ele tá sempre presente. Liga o tempo todo, vem correndo pra casa. Troca fralda, dá banho, veste, corta as unhas, brinca, protege, acolhe e acalma. Inventa as músicas mais engraçadas, sem rimas e desafinadas, dá o colo mais alto e divertido. Não perde uma consulta do pediatra e sabe todas as vacinas de cor. 
É lindo de ver quando ele chega do trabalho e você abre um sorrisão e abre os braços pra ele. E ele não vê a hora de sair correndo com você por aí.... Brincando das coisas que ele gosta, de luta, de carros, de ferramentas... E eu torço pra que ele aprenda tantas outras brincadeiras com você também.
E torço também pra você crescer com o exemplo dele, de homem, de marido, profissional e pai e que seja muito feliz.
Esse é apenas o nosso primeiro dia dos pais. Em breve, você entrega em mãos os presentinhos pra ele. Por enquanto, nós é que somos presenteados com ele em nossas vidas.
Seu pai é mesmo uma benção pra nossa família.

Feliz dia dos pais pra ele!!!



Te amamos, filho.




  









terça-feira, 29 de julho de 2014

Carta da Dindinha






Rafael,

 Sua mãe e eu nos conhecemos em 2001. Um ano após o "fim do mundo". Sim, todos acreditavam que o mundo acabaria no ano 2000. Para nossa sorte isso não aconteceu. Sua mãe começou a trabalhar onde eu já trabalhava, no CCAA Belford Roxo, que hoje não existe mais. Preciso confessar que no início eu meio que "torcia o nariz" para ela. Não entendia bem o que ela estava fazendo ali. Você acredita Rafa, que ela ficava observando enquanto eu fazia o meu trabalho? Eu ficava brava quando ela me dizia para falar com o Cristiano, do CCAA Laranjeiras, quando eu tinha alguma dúvida. Pois é, o seu pai já existia... 

Mas, com o passar do tempo, Rafa, a nossa amizade foi só crescendo e sua mãe foi se tornando cada vez mais necessária na minha vida. Seu pai, no início, achava que eu não era boa companhia para a sua mãe. Mas logo isso passou também. 

Milhões de coisas aconteceram. Coisas boas e coisas ruins. Até o dia que tudo mudou. Saímos de Belford Roxo e sua mãe se tornou a dona do CCAA Del Castilho. E lá fui eu. Junto com ela. Nossa amizade só se fortaleceu e passamos a ter certeza que era pra sempre. 
Seus pais se casaram em uma cerimônia linda. Chorei do início ao fim. E ali se formou a sua família. 

Seus pais sempre foram o meu porto seguro. Quando eu ficava triste era por eles que eu procurava. E eles lamentavam comigo. Quando eu ficava feliz era por seus pais que eu procurava. E eles comemoravam comigo. Para que você possa entender melhor: sua mãe abriu mão do meu trabalho ao lado dela para que eu pudesse crescer na minha careira e mudasse de emprego. Seus pais, Rafa, sempre foram aqueles com quem eu sempre pude contar. 

E assim, no meio de tanta amizade, sua mãe me deu a notícia: estava grávida. Fui a primeira, a saber, sabia? Antes mesmo do seu pai. Preciso te confessar que fiquei sem chão. Como eu, pessoa ciumenta (você vai perceber isso jajá!), poderia lidar com a gravidez da minha melhor amiga? Como eu iria dividi-la com o filho, que certamente ela amaria muito mais do me amava? 

E mais uma vez a nossa amizade prevaleceu e eu passei a curtir a gravidez da sua mãe. Passei a curtir, cada vez mais, a vida que crescia. Curti os momentos. Fiquei imensamente feliz ao saber que era um menino, muito embora tivesse sonhado que era uma menina... 
E chegou o dia, Rafa. O dia em que você nasceu. E eu estava lá. Ao lado dos seus pais. Falei com a sua mãe antes de você nascer. Ela estava angustiada. Nervosa. E você nasceu. Entrou no berçário no colo do seu pai. Eu não chorei. Você era um menino lindo. Uma benção de Deus. Visitei seus pais no quarto da maternidade e a sua mãe me perguntou: "Ele é lindo?" E eu só respondi: "É amiga. Ele é lindo!" 

Eu recebia da sua mãe fotos diárias. Duas semanas depois eu fui te visitar na sua casa. E, sim, você era lindo. E eu já te amava da mesma forma que amava seus pais. 
Na minha terceira visita veio a surpresa: seus pais me convidaram para ser sua madrinha. Olha isso, Rafa: sua madrinha! E eu não soube nem expressar meu agradecimento e minha felicidade. Claro que eu aceitei. Claro que eu queria ser sua madrinha. Esse foi o maior gesto de amor de que seus pais poderiam ter comigo. Entregar a mim o amor vida deles: você! Isso foi hoje. E até agora, 3h depois, ainda não consegui parar de tremer. Estou sentindo a felicidade transbordar. Não esta cabendo em mim... 

Rafa, tenha certeza que eu te amo muito e que estarei ao seu lado para sempre. Tenha certeza que você é um menino que foi muito esperado e muito celebrado. Quero que Deus esteja presente na sua vida, te guiando e abençoando a cada dia. Você faz parte da minha vida e a fará muito mais feliz! 

Vou aproveitar para te pedir para agradecer aos seus pais por confiarem em mim para esta missão. Diga a eles que farei o impossível para mostrar a você um mundo de amor: amor a Deus, amor à família, amor ao próximo... 

Eu te amo, Rafa. Desde sempre. Para sempre!
Sua madrinha,

 Juliana.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

6 meses - Ah! Esses olhos...




Oi, filho!


Parece que me distraí um pouco e de repente: 6 meses!
Olho pra trás e morro de orgulho de tudo que vivemos até agora.
Você tá super crescido, experimenta uma conquista nova a cada dia e fica cada dia mais lindo. Seis meses, quase nove quilos de pura gostosura, sem frutinha, sem suquinho, sem chá, sem água, sem mamadeira... só o nosso leitinho, seis meses de aleitamento materno exclusivo. Que delícia...

A vida mudou completamente, não saímos mais para os mesmos lugares, estamos quase sempre cansados e a casa, antes sempre arrumada, não tem mais nada no lugar.
Ainda assim, mesmo diferente, cansada, bagunçada, nossa vida fica cada vez mais preenchida de amor. Mesmo tendo meio ano se passado, ainda me surpreendo ao olhar pra você. Olho e penso...: "Como fui capaz?" E você sempre nos recompensa com um olhar.

Você tem os olhos mais expressivos que já vi...
É como se conseguisse falar tudo que precisa só olhando pra gente. Um olhar pra cada coisa... um olhar quando tá feliz, um olhar com biquinho quando vai chorar, olhinhos quase fechando quando tá com sono, um olhar curioso agora atento à tudo em sua volta sempre seguido de uma mãozinha que tenta pegar o que vê pela frente, um olhar delicioso enquanto mama e segura minha mão, um olhar que me procura em meio a outras pessoas e me aperta o coração de tanto amor, um olhar que se ilumina quando vê seu pai chegando, e também olhos apertadinhos quando dá gargalhadas.

É quase sempre quando o cansaço toma conta de mim, quando meia horinha a mais de sono parece um sonho impossível, quando acho que não vou dar conta, é nessa hora que você me olha, com o olhar mais apaixonado do mundo e zera tudo.
Não tem como... não dá... aqui no nosso mundinho, nós três juntos, não tem estresse, não tem intriga, não tem indiferença, frieza ou grosseria do mundo lá fora que me incomodem... Não adianta... só vejo esses olhinhos.
E são só seis meses...
Um beijo, filho.




quarta-feira, 9 de julho de 2014

A vida segue, né?






Oi, filho!

Essa semana saí de carro sozinha com você.
Dirigir sempre foi algo muito corriqueiro pra mim, aprendi a duras penas a não ter medo e sempre andei de carro pra lá e pra cá.
Mas quando você nasceu o mundo parou. Parecia que a gente nunca mais ia sair de casa. Vivemos profundamente seus primeiros momentos e isso nos bastava.
Aos poucos, a gente começou a lembrar que tinha um mundo lá fora que você precisava conhecer.
Então, começamos a sair pra passear, seu pai sempre dirigindo e eu atrás, com você, do ladinho da sua cadeirinha. Vamos cantando, conversando, mexendo com seus brinquedinhos e você gosta muito, quase sempre adormece no caminho.
O tempo foi passando, a poeira abaixando, você ficando cada dia mais lindo e esperto. E de repente, a vida ao redor começa a chamar.
Tudo pronto pra voltar a trabalhar e carregar você comigo.  Sim, porque  a amamentação em livre demanda (e o meu coração apertado) ainda não permite nossa separação, mesmo que seja por algumas horas.
Então, eu fui. Primeiro a gente tinha caronas de seus avós e de gente querida que vinha nos buscar em casa. Depois chamava um táxi e rapidinho a gente chegava.
Até que chegou o dia em que seu pai me disse: "Amanhã, como você precisa ir ao banco antes do trabalho, fica com o carro pra agilizar." Fiquei tensa. Ainda não tinha pensado nessa possibilidade. Parece uma bobagem, mas várias coisas me vieram à cabeça. Como ele vai sozinho atrás, com essa cadeirinha que fica de costas pra mim? E se ele começar a chorar no caminho? E se alguma coisa me acontecer? 
Mas enfim, a vida segue. Seu pai me acalmou e me incentivou.
Acordamos, seguimos nossa rotina diária, nos aprontamos, rezei e fui.
Você atrás, de costas pra mim, apenas ouvindo minha voz. Fomos conversando o tempo todo, cantando nossas músicas e logo chegamos.
O trânsito da nossa cidade, sempre muito familiar pra mim, de repente parecia uma selva. Na verdade, depois que a gente vira mãe, coisas muito simples e corriqueiras tornam-se assustadoras. É preciso coragem pra seguir a vida com a responsabilidade de cuidar de outra vida. E tive orgulho de nós dois por isso. De você por ter se comportado e facilitado esse momento pra mim. E de mim, por dar conta desse momento, dando mais um passo de tantos outros que ainda virão, com você comigo.
Que Deus me ajude.
Te amo, filho.


quinta-feira, 19 de junho de 2014

5 meses - "E o que vai ficar na fotografia..."













Oi, meu filho!
Essa semana imprimimos umas fotos suas, fotos desde que você nasceu. Muitas. 
Sentamos no sofá, eu e seu pai, arrumando tudo em um álbum. Foi como fazer um flashback. Relembramos vários momentos, desde o dia que você chegou até agora, completando 5 meses. Quantas coisas já vivemos!
As fotos congelam momentos na nossa memória, nos ajudam a sentir de novo as emoções que vivemos naqueles instantes. E de repente, estávamos eu e seu pai ali no sofá, envolvidos novamente naquelas cenas, revivendo sentimentos intensos que você nos trouxe nesses meses. A felicidade plena de quando você chegou, a insegurança dos primeiros cuidados, desespero e angústia do tempo em que você ainda não mamava, cansaço das primeiras noites não dormidas, gargalhadas do cocô espalhado que não se sabia por onde começava a limpar, preocupação com cólicas e refluxo, alegria com suas primeiras reações, sorrisos, movimentos e conquistas, felicidade plena novamente de ver você mamando como um expert e ganhando peso além do esperado, amizade de tantas pessoas queridas preocupadas e felizes conosco.... Mas sobretudo, filho, o nosso amor... Aquelas fotos nos fizeram parar no meio da rotina cansativa e olhar pra nós mesmos e pra família que formamos. Mais uma vez agradeci a Deus por estar vivendo esse momento com você e seu pai, e por sentir que a cada dia nosso amor se fortalece, por saber que mesmo com todas as dificuldades do mundo lá fora (e temos enfrentado muitas) a vida aqui dentro é plena e feliz. Quando a gente fecha a porta e se aconchega no nosso ninho tudo fica mais leve, nós ficamos mais fortes e resilientes pra passar pelos problemas que a vida vem trazendo. 
Obrigada, Rafael, pela linda família que você forma com a gente, por fazer aumentar minha admiração pelo seu pai, por fazer nossos problemas parecerem mais tranqüilos e por aumentar a cada dia nosso amor.
Obrigada por esses 5 meses!
Te amo!

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Mamando pra dormir



Oi, meu filho!


É curioso, filho, como a maternidade, uma condição tão comum a tanta gente, gera tanta polêmica. Depois que você nasceu, até mesmo quando você ainda estava na minha barriga, ouço milhares de palpites, opiniões, conselhos e orientações dos mais diversos tipos. Todo mundo tem uma experiência pra compartilhar, todo mundo acha que fez da melhor maneira e que a gente precisa ouvir os mais experientes.

É difícil ser mãe de primeira viagem, às vezes fico perdida de tanta coisa diferente que ouço, mas sempre escuto com carinho, penso se pode ser melhor pra você e pra mim, sempre pondero, sei que, na maioria das vezes, a intenção é boa, é de ajudar. No fim, a conclusão a que chego é que cada história é única, e que o que funciona para os outros não necessariamente funciona pra gente, mas sempre tento.
De todas as coisas que as pessoas comentam e gostam de aconselhar, a que mais mexe comigo é sobre a amamentação. É um assunto controverso, todo mundo tem uma história diferente. Tem gente que acha essencial, tem gente que acha antigo, que acha lindo, uns não conseguiram, outros não puderam, tem gente que tem vergonha, que sofreu, que amou, que não aguentou, tem aqueles que desmamaram precocemente, outros mamaram até 3 anos. A nossa história você já sabe, né meu amor? Teve um começo difícil, que já superamos e vamos muito bem, obrigada.
Todas as noites, por volta das 20h, a gente toma um banho, seu pai coloca seu pijama, te dá boa noite, pede a Deus sua benção e você vem pro meu colo mamar. E assim dorme. Todas as noites. É no meu colo que você adormece, tomando leitinho, aconchegado e tranquilo. Todas as noites. Uma rotina bem razoável considerando que você tem 4 meses e ainda não tem estrutura cognitiva desenvolvida pra adormecer sozinho.
Mas engraçado, que o que nos parece bem normal, causa espanto em grande parte das pessoas. E a gente ouve cada coisa, filho... "Ele tem que aprender a dormir sozinho." "Você não pode deixar ele dormir fazendo seu peito de chupeta." "Ele vai ficar dependente de você." E eu penso... me questiono... avalio... Por que não esperar até que você tenha maturidade pra adormecer sozinho? Por que você precisa ser independente com apenas 4 meses de vida?  Como assim fazer meu peito de chupeta se o peito existe bem antes da chupeta ser inventada? Quantas crianças crescidas dependem do peito da mãe pra adormecer?
Que difícil, meu filho... Que estranho abrir mão desse nosso momento na penumbra do quarto, sozinhos, em silêncio, nos olhando, minutos antes de você fechar os olhos e cair no sono segurando meu polegar... como abrir mão desse momento em prol de uma suposta independência nos primeiros meses de vida?
Todas os dias, todas as nossas decisões e atitudes são pensadas, sempre querendo seu bem, sempre esperando que estejamos acertando e fazendo de você uma criança saudável, feliz e muito amada.
Por enquanto, meu amor, você vai, sim, dormir nos meus braços, aconchegado no meu peito, alimentado de amor... e quando chegar seu momento, saberemos dar o próximo passo.
Por enquanto, dorme aqui, meu bebê...
Te amo.
Boa noite, Deus te abençoe.



terça-feira, 27 de maio de 2014

Os Laços Invisíveis




Oi, meu filho.

Há alguns dias atrás tirei essas fotos suas com a Dona Flora. 
A Dona Flora tem 88 anos. E ela existe na nossa vida desde que sua avó veio de Portugal, com 10 anos de idade. Ela poderia ser minha avó, sua bisa... Mas não é. Na verdade, só nos falta o laço de sangue, porque amor e carinho sobram.
Dona Flora está presente nas minhas mais doces recordações de infância. Ela morava pertinho da gente e eu me lembro de voltar do colégio e passar na casa dela antes de ir pra casa. Sempre tinha um guaraná, daqueles vendidos na Kombi que passava na rua. Ela comprava pra mim, sabia que eu iria e já me esperava.
Cresci ouvindo ela me defender. Sabia que era preferida e que me amava independente de qualquer vínculo familiar.
O tempo passou, nos mudamos de bairro, mas Dona Flora sempre acompanhou meu crescimento, minhas conquistas e sempre tive seu ombro por perto. E eu sou muito grata a ela por isso. E grata a Deus por permitir que possamos viver esse momento aí da foto.
Olhar você no colo dela enche meu coração de ternura. Que sorte a nossa. Que sorte saber que não precisamos de laços de sangue pra viver esse amor, esse carinho... 
Rezo para que você saiba, meu filho, que o amor é um sentimento que a gente cultiva e rezo para que o cultive em muitas pessoas à sua volta. E que saiba ser grato, saiba que sim, somos responsáveis por quem cativamos. Aprenda, meu pequeno, que o amor é livre, é solto, não precisa de outros laços a não ser o do coração. Reconheça sempre, Rafael, o carinho das pessoas que te querem bem e cultive-o. 
E obrigada, Dona Flora, por tanto carinho na minha vida.

Tomara que você ame muito, meu filho.

Um beijo.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

4 Meses - Os dias são longos, mas os anos são curtos



Oi, filho!


Li essa frase do título aí em cima outro dia e ela ficou martelando na minha cabeça. Era um texto sobre maternidade com o qual me identifiquei muito.
Desde que seu pai voltou a trabalhar, passo meus dias aqui sozinha com você. Sim, ele faz muita falta aqui no nosso dia-a-dia e tudo fica mais fácil quando ele tá aqui e nossa família se completa.
Mas enquanto a licença paternidade não se estende aqui no Brasil, os dias aqui são nossos: meus e seus. São dias de aprendizado, de adaptação, de crescimento.
Aos poucos vou aprendendo o que é melhor pra você, o que é melhor pra mim, e como podemos aproveitar melhor nosso tempo.

Com o passar dos dias aprendi a organizar melhor seus horários, a distrair você de várias formas e entender mais facilmente o que você demanda. A gente canta nossas músicas preferidas na cama quando acorda e tira uma foto pra mandar pro papai. Pausa para mamar. Uma golfadinha. Tira o pijama, troca fralda, toma remédio. E passeamos pela casa, às vezes carrinho, às vezes colo, às vezes sofá. Tomo café. Mais um mamazinho, algumas golfadas. Depois a gente desce. Tem dias que a gente vai pro play pegar um solzinho. Outros a gente vai pra rua caminhar com o carrinho. Ou entao no sling. Ah, o sling... A mamãe simplesmente adora passear com você no sling. E vc dorme quase sempre... ou então vai sorrindo pras pessoas... Vamos andando pela rua e ganhando sorrisos e gracejos. É uma delicia. Voltamos pra casa cansados, eu e você. Outra mamada, outras golfadas. Troca fralda. Você tira um cochilo e eu aproveito pra fazer coisas em casa. Tem vezes que você não cochila e eu não faço nada. E assim passamos nosso dia entre sonecas, colos, mamadas e golfadas e alguns chorinhos. Tem dias que é assim mesmo, tem outros que você se irrita com o refluxo e chora mais, dorme menos e quer mais colo. E colo não se nega, né? Principalmente pra um bebê fofo como você.
Quando vi a frase que diz que os dias são longos pensei na nossa rotina. Pensei em quantas coisas fazemos e no quanto pode ser exaustivo cuidar de você aqui sozinha. As costas queimam e os braços doem, nem sempre consigo comer ou ir ao banheiro, nem trocar minha roupa golfada. Os dias são mesmo longos, pensei eu....
E então me voltei pra outra parte: os anos são curtos. Nossa... Já se passaram 4 meses que você nasceu. Daqui a muito pouco tempo você vai ser um menininho levado correndo por aí. Tá tudo passando tão rápido. E dei graças a Deus pelos nossos dias longos, por acompanhar cada detalhezinho do seu crescimento, por ver sua primeira gargalhada, seu primeiro gritinho, por presenciar como você cresce e engorda um pouquinho a cada dia... Que feliz aproveitar esses dias longos e cansativos ganhando uma gracinha nova brincando juntos ou um olhar apaixonado enquanto você mama. Ah, Rafael, nossos dias longos ficam cheios de sentido quando penso em tudo que temos pra viver com você em tão pouco tempo de infância.
Que Deus permita que esses longos dias virem doces recordações da sua infância na nossa memória, de momentos lindos, de cansaço, mas de aprendizado, de desespero, mas de alegria, de falta de tempo, mas com amor de sobra. E que os anos durem mais...
Te amo, filho.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Três Meses


3 meses.

3 meses, meu filho, e você já segura a cabeça sozinho no nosso colo. Já derrete nosso coração com gargalhadinhas, e ainda nos assusta com gritos de cólicas. Fica sentado na nossa cama recostado em um travesseiro e esquece da vida olhando a própria mão e tentando levá-la à boca. Já tem hora certa pra dormir e acorda bem pouco durante a noite. Já dorme no seu berço, vigiado por uma câmera, como num big brother, e mesmo assim deixa sua mãe ansiosa. Seu refluxo ainda não passou e freqüentemente limpamos pocinhas de golfo pela casa. Você adora tomar banho quentinho no chuveiro com a gente e fica uma delicia enroladinho na toalha com capuz. A gente continua morrendo de rir quando você faz xixi no meio da troca de fralda e acerta a gente e faz ter que começar o processo todo de novo.


Poderia escrever muito mais sobre tudo que você já faz e sobre quantos sentimentos diferentes você faz a gente ter, sobre coisas que sinto e nem sei descrever como quando vc aperta forte meu dedo e me olha com doçura enquanto mama no meu peito. Quanta benção, meu filho, viver esses três meses para a nossa família e saber que estamos aproveitando ao máximo cada dia, com a consciência de que cada momento é único, torcendo pro tempo passar bem devagar e rezando pra que Jesus continue nos abençoando.










Dois Meses

Oi, filho!



2 meses.
Nosso tempo é todo seu, nossas preocupações são com você, nossa felicidade é por você. Nossos dias são mais longos, mais cansativos, mais alegres e cheios de amor. Nossas risadas são por fraldas vazadas e xixis em jato, nossos assuntos são sobre as novas gracinhas e as que estão por vir. As mensagens que trocamos durante o dia sempre têm uma foto sua e os telefonemas têm um chorinho ao fundo. Nossa vida já não é mais a mesma. E o nosso amor? Ah, o nosso amor... Multiplicado por três agora, faz da gente uma família muito feliz.
Obrigada, Rafael

Um Mês

Meu filho...






Um mês. 
Um mês que a gente virou três. Um mês que você chegou como uma onda gigante que tira tudo do lugar e faz a gente pular alto pra recuperar o fôlego na superfície. Um mês com a intensidade de seis. Você chegou e fez a gente começar tudo de novo, nascemos novamente com você. Um mês que aprendi que a gente pode chorar de felicidade, de emoção, de amor, de desespero e cansaço no mesmo choro, com as mesmas lágrimas. Um mês que você chegou e fez a gente esquecer todo o resto, se desconectar do resto do mundo e viver profundamente o NOSSO mundo. Um mês que a gente descobriu que podia se amar ainda mais, um amor tão forte e tão intenso, que aperta o coração e dá um nó na garganta só de cruzar o olhar no silêncio da madrugada. Um tempo pra aprender o amor de um jeito novo, com um olhar diferente para aquele cara com quem me casei e que agora se transforma no melhor pai que você poderia ter, amoroso, cuidadoso, seguro e completamente derretido por você. Um mês que você chegou, meu filho, e fez do mundo um lugar melhor, fez a nossa vida ainda mais especial e repleta do maior amor do mundo. A foto não tem o cenário ideal, infelizmente não pari e você chegou por meio de uma cirurgia, mas essa foto mostra o exato momento em que a gente vira três e nasce novamente, junto com você, meu filho. Obrigada, Rafael.

Sobre nossa amamentação


Oi, meu filho!
Escrevo pra te contar do nosso processo de amamentação, das dificuldades que enfrentamos e como está sendo bonita a nossa superação.
Durante toda a gestação li muito, aprendi muito sobre coisas do mundo da maternidade. Meus assuntos preferidos eram o parto e a amamentação. Amamentar pra mim era inquestionável e sempre tive certeza que o faria a qualquer custo. Descobri que, hoje em dia, amamentar não é mais o caminho natural de alimentação dos bebês, que boa parte das mamães oferecem leite artificial e boa parte dos pediatras o recomendam por diversos motivos, como pouco ganho de peso do bebê, dificuldades de pega, entre outros. 
Conheci, pela internet, várias histórias inspiradoras de mulheres que superaram as maiores dificuldades pra conseguir amamentar. Entendi que seria um desafio, que precisaria estar ciente de que os obstáculos viriam e eu não iria deixar me abater. Me sentia forte, determinada e teoricamente preparada pra superar tudo e amamentar você. Conversei muito com seu pai sobre isso, mostrava pra ele as histórias, os possíveis problemas e como resolvê-los e ele sempre esteve inteiramente do meu lado. Saber das dificuldades que virão parece que nos torna mais fortes pra enfrentá-las.
Na noite que passamos no hospital, as enfermeiras do berçário vinham me ajudar a te amamentar. Elas foram unânimes em afirmar duas coisas: eu já tinha bastante colostro e você não conseguia mamar porque meu bico do peito era plano. Era difícil pra mim tentar sozinha pela falta de mobilidade provocada pela anestesia, então elas vinham me ajudar. A maioria tentava por alguns minutos, e logo depois sacavam uma mamadeirinha com leite artificial (LA) do bolso do jaleco pra te dar. Quando vi a primeira fazer isso, já fiquei nervosa e pedi que te oferecessem no copinho. Ao longo da noite e no dia seguinte, foram várias tentativas, sempre com muita dificuldade e você acabou tomando três mamadeiras de LA nesse período.
No dia que saímos da maternidade, o pediatra que havia participado do seu parto veio dar sua alta. Veio com uma receita na mão, com algumas recomendações pra você, entre elas a prescrição de NAN, porque ele já tinha sido informado que eu não conseguiria amamentar por causa do meu bico plano. Disse que se eu quisesse tentar poderia comprar um bico de silicone na farmácia, mas que achava realmente muito difícil que eu conseguisse. Perguntei a ele sobre a possibilidade de conseguir ajuda em um banco de leite, ele fez cara de nojo e disse que desaconselhava porque não se sabia o nível de higiene desses lugares.
Fiquei muito nervosa, um pouco incrédula e ingênua, sei lá, acho que não me dei conta do que de verdade estava acontecendo. Eu sabia que o tal do bico de silicone era contra-indicado, que não me ajudaria em nada, mas ele insistiu e seu pai me pediu que tentasse, então concordei.
Fomos pra casa fadados ao fracasso, né? Bastaram dois dias mamando no bico de silicone pra vc ter a tal confusão de bicos, e tentava sugar meu peito posicionando a língua de forma errada, além de claro, meus mamilos já estarem completamente feridos. 
Na terceira noite minha ficha caiu. Você não mamava, chorava o tempo todo de fome e me desesperei. Pela manhã, num momento de estupidez, liguei para o tal pediatra, podia ser que ele desse alguma dica, podia ser que você tivesse algum problema mais sério de saúde que te impedisse de mamar. A voz do outro lado do telefone foi implacável: "Minha filha, ele está chorando de fome. Já deu o NAN pra ele? Dá logo, isso é assim mesmo, daqui a pouco seu peito seca e isso não é o fim do mundo."
Desliguei o telefone muda. Fui até o seu quarto e você dormia no colo do seu pai. Voltei pra sala. Seu pai percebeu que algo havia acontecido, te deitou no carrinho e veio atrás de mim. Chorei. Chorei desesperadamente, desconsolada, sem chão. Deitei no colo do seu pai no sofá e chorei por algum tempo. Até que ele me acalmou, disse que iríamos resolver. E eu precisava acreditar. 
O primeiro passo foi usar a bomba extratora que uma amiga querida havia me emprestado. Comecei tirando todo leite que podia. Passava o dia tirando leite e você tomava em um copinho. Era muito difícil, você ficava nervoso, chorava, o leite escorria e aproveitava muito pouco. Mas não desistimos. Tentamos vários formatos diferentes, foi bem desgastante durante mais alguns dias. Vivia grudada na bomba, tirando leite, chorava quando você chorava e seguia procurando ajuda. Buscava na internet algo ou alguém que pudesse nos ajudar. E você seguia com fome, chorando e perdendo peso.
Foi quando encontrei um portal - www.aleitamento.com - Nele encontrei o nome de um pediatra referência em aleitamento materno, doutor Marcus Renato. Liguei no mesmo dia e consegui marcar para o dia seguinte e foi aí que nossa história começou a mudar.
Cheguei no consultório, ainda andando com dificuldade pelas dores da cirurgia e com o coração apertado de angústia. O doutor Marcus Renato tem a voz doce, um semblante tranquilo, daquele tipo de pessoa que faz a gente se sentir a vontade no primeiro instante. Sentei, contei nossa história e chorei. Chorei mais uma vez e dessa vez encontrei acolhimento. Ele se levantou de trás da mesa, pegou toalhas de papel pra secar minhas lágrimas e esperou pacientemente que eu me tranquilizasse. Depois de me ouvir por um tempo, disse que primeiro examinaria você. E assim o fez, com calma, detalhadamente, fez todos os testes pertinentes e disse que você estava ótimo, apesar da perda de peso. Em seguida, pediu pra examinar meus seios. Olhou e disse que não havia problema nenhum, que eu não tinha nenhum impedimento para amamentar e que inclusive já tinha muito leite. Forrou meu colo com papel e ordenhou meu leite, das duas mamas. Quase não acreditei quando vi tanto leite jorrando pra todo lado. Olhei pro seu pai e nos emocionamos. Foi como se ele quisesse me mostrar o quanto eu podia, o quanto eu precisava acreditar que não tinha nenhum problema pra te amamentar. Então, ele nos disse que seria um trabalho de paciência, que mesmo mamando pouco você já estava recebendo anticorpos importantes nessa fase, que o ganho de peso viria com o tempo, que precisaríamos insistir, nos ensinou posições, como tentar a pega correta e como ordenhar o leite manualmente. O doutor Marcus Renato é desses médicos que a gente acha que nem existe mais, que olha pra gente enquanto fala, se importa, se preocupa. Talvez ele nem saiba o quanto foi importante na nossa história. Pediu que voltássemos na semana seguinte para te pesar novamente. Conversamos muito e saí de lá completamente diferente. Tive a segurança que precisava para continuar insistindo, o respaldo de que estava no caminho certo.
Foi só dois dias depois que conseguimos. Passava horas insistindo, com você no meu colo, até que naquela madrugada você pegou. Seu pai entrou no quarto e viu você grudado no meu peito, sugando com força e mais uma vez choramos juntos, de felicidade, de alívio e esperança. Foram 40 minutos... Que eu queria que durassem pra sempre. Quando você terminou, esticou a cabecinha pra trás, se espreguiçou demoradamente e adormeceu como quem tivesse comido uma feijoada. Nunca vou me esquecer dessa cena. 
Tentamos várias outras vezes depois, insistimos muito, em alguns momentos conseguíamos, comemorávamos, mas não conseguíamos engrenar de vez. Faltava alguma coisa e você continuava a perder peso. Nós ainda precisávamos de ajuda. 
Alguns dias depois, encontrei outra indicação de outra profissional também fundamental na nossa história, a Aline. A Aline é uma fonoaudióloga, especialista em amamentação. Seu pai ligou pra ela e ela veio no mesmo dia, alguma horas depois. Lembro como se fosse hoje, chegou por volta das 20h, com um vestido branco, um jeito firme e suave ao mesmo tempo. Contei novamente nossa história, chorei mais uma vez e ouvi ela dizendo: "Chora, querida, chora que o leite jorra." Agradeci a Deus por mais um anjo que ele havia me mandado e entendi que precisava acreditar. Depois de me ouvir, me entender, me confortar, a Aline nos ajudou no que era mais urgente: matar sua fome. Não conseguiríamos que você pegasse meu peito com tranqüilidade enquanto você estivesse faminto e nervoso. Então ela nos ensinou uma técnica em que oferecíamos meu leite pra você em um potinho através de uma sonda amarrada no dedo. Você sugava nosso dedo e tomava o leite como em um canudo. Feito isso você se acalmou, e ela pediu que tirasse a almofada de amamentação, sua roupa e qualquer outro pano que impedisse nosso contato. Posicionou você, pegou meu peito e encaixou na sua boca, como numa mágica e fez você mamar. A gente mal podia acreditar. Tentamos mais algumas vezes e você ia aprendendo aos poucos. Enquanto você mamava, conversamos muito, ela nos contou várias histórias, e descobrimos que temos uma amiga em comum no céu. Uma amiga que bem provavelmente intercedeu por nós e fez com que a gente se encontrasse. Foi muito emocionante. Aline me garantiu que a gente conseguiria, em alguns dias ou semanas, mas tudo ficaria bem. E assim foi. Ela voltou aqui em casa mais duas vezes, quando a gente se descontrolava e porque você ainda não pegava o peito esquerdo. Sem ela não teríamos conseguido.
Mais dias se passaram, eu e você grudados, tentando, e seu pai comemorando com a gente cada vez que conseguíamos. Nesse tempo eu quase não conseguia falar com ninguém. Me sentia frágil, emotiva e tinha dificuldade pra tocar no assunto. Três pessoas muito especiais me incentivaram, com mensagens simples, mas fundamentais quando a gente pensa em desistir, mensagens que diziam: "é assim mesmo, uma hora ele pega, não desista!" (Obrigada, Roberto, Andrea e Dani)
E aí, meu filho, como quem acaba de subir uma montanha bem alta, nós conseguimos. 
Você foi pegando com mais freqüência, eu entendi melhor como funcionava, sua boquinha foi crescendo e pegando o jeito. Sua pega foi ficando cada vez mais certinha. Passamos ainda alguns dias de adaptação com meu peito bem machucado, mas agora já não me importava, sabia que esse era o caminho certo.
Hoje você já tem três meses e mama em livre demanda, em várias posições, em qualquer lugar. Ganhou peso além do esperado, cresceu 13cm e fica cada dia mais lindo.
Queria muito que todas as mamães que enfrentam dificuldades na amamentação pudessem ter o apoio como tive do seu pai, tivessem acesso a profissionais como o doutor Marcus Renato e a Aline, e que contassem com o incentivo de amigos como os meus.
Que bom que a gente conseguiu, meu filho, e fortalecemos nossa família pra enfrentar as próximas dificuldades. 
Nós te amamos, filho.