segunda-feira, 28 de abril de 2014

Três Meses


3 meses.

3 meses, meu filho, e você já segura a cabeça sozinho no nosso colo. Já derrete nosso coração com gargalhadinhas, e ainda nos assusta com gritos de cólicas. Fica sentado na nossa cama recostado em um travesseiro e esquece da vida olhando a própria mão e tentando levá-la à boca. Já tem hora certa pra dormir e acorda bem pouco durante a noite. Já dorme no seu berço, vigiado por uma câmera, como num big brother, e mesmo assim deixa sua mãe ansiosa. Seu refluxo ainda não passou e freqüentemente limpamos pocinhas de golfo pela casa. Você adora tomar banho quentinho no chuveiro com a gente e fica uma delicia enroladinho na toalha com capuz. A gente continua morrendo de rir quando você faz xixi no meio da troca de fralda e acerta a gente e faz ter que começar o processo todo de novo.


Poderia escrever muito mais sobre tudo que você já faz e sobre quantos sentimentos diferentes você faz a gente ter, sobre coisas que sinto e nem sei descrever como quando vc aperta forte meu dedo e me olha com doçura enquanto mama no meu peito. Quanta benção, meu filho, viver esses três meses para a nossa família e saber que estamos aproveitando ao máximo cada dia, com a consciência de que cada momento é único, torcendo pro tempo passar bem devagar e rezando pra que Jesus continue nos abençoando.










Dois Meses

Oi, filho!



2 meses.
Nosso tempo é todo seu, nossas preocupações são com você, nossa felicidade é por você. Nossos dias são mais longos, mais cansativos, mais alegres e cheios de amor. Nossas risadas são por fraldas vazadas e xixis em jato, nossos assuntos são sobre as novas gracinhas e as que estão por vir. As mensagens que trocamos durante o dia sempre têm uma foto sua e os telefonemas têm um chorinho ao fundo. Nossa vida já não é mais a mesma. E o nosso amor? Ah, o nosso amor... Multiplicado por três agora, faz da gente uma família muito feliz.
Obrigada, Rafael

Um Mês

Meu filho...






Um mês. 
Um mês que a gente virou três. Um mês que você chegou como uma onda gigante que tira tudo do lugar e faz a gente pular alto pra recuperar o fôlego na superfície. Um mês com a intensidade de seis. Você chegou e fez a gente começar tudo de novo, nascemos novamente com você. Um mês que aprendi que a gente pode chorar de felicidade, de emoção, de amor, de desespero e cansaço no mesmo choro, com as mesmas lágrimas. Um mês que você chegou e fez a gente esquecer todo o resto, se desconectar do resto do mundo e viver profundamente o NOSSO mundo. Um mês que a gente descobriu que podia se amar ainda mais, um amor tão forte e tão intenso, que aperta o coração e dá um nó na garganta só de cruzar o olhar no silêncio da madrugada. Um tempo pra aprender o amor de um jeito novo, com um olhar diferente para aquele cara com quem me casei e que agora se transforma no melhor pai que você poderia ter, amoroso, cuidadoso, seguro e completamente derretido por você. Um mês que você chegou, meu filho, e fez do mundo um lugar melhor, fez a nossa vida ainda mais especial e repleta do maior amor do mundo. A foto não tem o cenário ideal, infelizmente não pari e você chegou por meio de uma cirurgia, mas essa foto mostra o exato momento em que a gente vira três e nasce novamente, junto com você, meu filho. Obrigada, Rafael.

Sobre nossa amamentação


Oi, meu filho!
Escrevo pra te contar do nosso processo de amamentação, das dificuldades que enfrentamos e como está sendo bonita a nossa superação.
Durante toda a gestação li muito, aprendi muito sobre coisas do mundo da maternidade. Meus assuntos preferidos eram o parto e a amamentação. Amamentar pra mim era inquestionável e sempre tive certeza que o faria a qualquer custo. Descobri que, hoje em dia, amamentar não é mais o caminho natural de alimentação dos bebês, que boa parte das mamães oferecem leite artificial e boa parte dos pediatras o recomendam por diversos motivos, como pouco ganho de peso do bebê, dificuldades de pega, entre outros. 
Conheci, pela internet, várias histórias inspiradoras de mulheres que superaram as maiores dificuldades pra conseguir amamentar. Entendi que seria um desafio, que precisaria estar ciente de que os obstáculos viriam e eu não iria deixar me abater. Me sentia forte, determinada e teoricamente preparada pra superar tudo e amamentar você. Conversei muito com seu pai sobre isso, mostrava pra ele as histórias, os possíveis problemas e como resolvê-los e ele sempre esteve inteiramente do meu lado. Saber das dificuldades que virão parece que nos torna mais fortes pra enfrentá-las.
Na noite que passamos no hospital, as enfermeiras do berçário vinham me ajudar a te amamentar. Elas foram unânimes em afirmar duas coisas: eu já tinha bastante colostro e você não conseguia mamar porque meu bico do peito era plano. Era difícil pra mim tentar sozinha pela falta de mobilidade provocada pela anestesia, então elas vinham me ajudar. A maioria tentava por alguns minutos, e logo depois sacavam uma mamadeirinha com leite artificial (LA) do bolso do jaleco pra te dar. Quando vi a primeira fazer isso, já fiquei nervosa e pedi que te oferecessem no copinho. Ao longo da noite e no dia seguinte, foram várias tentativas, sempre com muita dificuldade e você acabou tomando três mamadeiras de LA nesse período.
No dia que saímos da maternidade, o pediatra que havia participado do seu parto veio dar sua alta. Veio com uma receita na mão, com algumas recomendações pra você, entre elas a prescrição de NAN, porque ele já tinha sido informado que eu não conseguiria amamentar por causa do meu bico plano. Disse que se eu quisesse tentar poderia comprar um bico de silicone na farmácia, mas que achava realmente muito difícil que eu conseguisse. Perguntei a ele sobre a possibilidade de conseguir ajuda em um banco de leite, ele fez cara de nojo e disse que desaconselhava porque não se sabia o nível de higiene desses lugares.
Fiquei muito nervosa, um pouco incrédula e ingênua, sei lá, acho que não me dei conta do que de verdade estava acontecendo. Eu sabia que o tal do bico de silicone era contra-indicado, que não me ajudaria em nada, mas ele insistiu e seu pai me pediu que tentasse, então concordei.
Fomos pra casa fadados ao fracasso, né? Bastaram dois dias mamando no bico de silicone pra vc ter a tal confusão de bicos, e tentava sugar meu peito posicionando a língua de forma errada, além de claro, meus mamilos já estarem completamente feridos. 
Na terceira noite minha ficha caiu. Você não mamava, chorava o tempo todo de fome e me desesperei. Pela manhã, num momento de estupidez, liguei para o tal pediatra, podia ser que ele desse alguma dica, podia ser que você tivesse algum problema mais sério de saúde que te impedisse de mamar. A voz do outro lado do telefone foi implacável: "Minha filha, ele está chorando de fome. Já deu o NAN pra ele? Dá logo, isso é assim mesmo, daqui a pouco seu peito seca e isso não é o fim do mundo."
Desliguei o telefone muda. Fui até o seu quarto e você dormia no colo do seu pai. Voltei pra sala. Seu pai percebeu que algo havia acontecido, te deitou no carrinho e veio atrás de mim. Chorei. Chorei desesperadamente, desconsolada, sem chão. Deitei no colo do seu pai no sofá e chorei por algum tempo. Até que ele me acalmou, disse que iríamos resolver. E eu precisava acreditar. 
O primeiro passo foi usar a bomba extratora que uma amiga querida havia me emprestado. Comecei tirando todo leite que podia. Passava o dia tirando leite e você tomava em um copinho. Era muito difícil, você ficava nervoso, chorava, o leite escorria e aproveitava muito pouco. Mas não desistimos. Tentamos vários formatos diferentes, foi bem desgastante durante mais alguns dias. Vivia grudada na bomba, tirando leite, chorava quando você chorava e seguia procurando ajuda. Buscava na internet algo ou alguém que pudesse nos ajudar. E você seguia com fome, chorando e perdendo peso.
Foi quando encontrei um portal - www.aleitamento.com - Nele encontrei o nome de um pediatra referência em aleitamento materno, doutor Marcus Renato. Liguei no mesmo dia e consegui marcar para o dia seguinte e foi aí que nossa história começou a mudar.
Cheguei no consultório, ainda andando com dificuldade pelas dores da cirurgia e com o coração apertado de angústia. O doutor Marcus Renato tem a voz doce, um semblante tranquilo, daquele tipo de pessoa que faz a gente se sentir a vontade no primeiro instante. Sentei, contei nossa história e chorei. Chorei mais uma vez e dessa vez encontrei acolhimento. Ele se levantou de trás da mesa, pegou toalhas de papel pra secar minhas lágrimas e esperou pacientemente que eu me tranquilizasse. Depois de me ouvir por um tempo, disse que primeiro examinaria você. E assim o fez, com calma, detalhadamente, fez todos os testes pertinentes e disse que você estava ótimo, apesar da perda de peso. Em seguida, pediu pra examinar meus seios. Olhou e disse que não havia problema nenhum, que eu não tinha nenhum impedimento para amamentar e que inclusive já tinha muito leite. Forrou meu colo com papel e ordenhou meu leite, das duas mamas. Quase não acreditei quando vi tanto leite jorrando pra todo lado. Olhei pro seu pai e nos emocionamos. Foi como se ele quisesse me mostrar o quanto eu podia, o quanto eu precisava acreditar que não tinha nenhum problema pra te amamentar. Então, ele nos disse que seria um trabalho de paciência, que mesmo mamando pouco você já estava recebendo anticorpos importantes nessa fase, que o ganho de peso viria com o tempo, que precisaríamos insistir, nos ensinou posições, como tentar a pega correta e como ordenhar o leite manualmente. O doutor Marcus Renato é desses médicos que a gente acha que nem existe mais, que olha pra gente enquanto fala, se importa, se preocupa. Talvez ele nem saiba o quanto foi importante na nossa história. Pediu que voltássemos na semana seguinte para te pesar novamente. Conversamos muito e saí de lá completamente diferente. Tive a segurança que precisava para continuar insistindo, o respaldo de que estava no caminho certo.
Foi só dois dias depois que conseguimos. Passava horas insistindo, com você no meu colo, até que naquela madrugada você pegou. Seu pai entrou no quarto e viu você grudado no meu peito, sugando com força e mais uma vez choramos juntos, de felicidade, de alívio e esperança. Foram 40 minutos... Que eu queria que durassem pra sempre. Quando você terminou, esticou a cabecinha pra trás, se espreguiçou demoradamente e adormeceu como quem tivesse comido uma feijoada. Nunca vou me esquecer dessa cena. 
Tentamos várias outras vezes depois, insistimos muito, em alguns momentos conseguíamos, comemorávamos, mas não conseguíamos engrenar de vez. Faltava alguma coisa e você continuava a perder peso. Nós ainda precisávamos de ajuda. 
Alguns dias depois, encontrei outra indicação de outra profissional também fundamental na nossa história, a Aline. A Aline é uma fonoaudióloga, especialista em amamentação. Seu pai ligou pra ela e ela veio no mesmo dia, alguma horas depois. Lembro como se fosse hoje, chegou por volta das 20h, com um vestido branco, um jeito firme e suave ao mesmo tempo. Contei novamente nossa história, chorei mais uma vez e ouvi ela dizendo: "Chora, querida, chora que o leite jorra." Agradeci a Deus por mais um anjo que ele havia me mandado e entendi que precisava acreditar. Depois de me ouvir, me entender, me confortar, a Aline nos ajudou no que era mais urgente: matar sua fome. Não conseguiríamos que você pegasse meu peito com tranqüilidade enquanto você estivesse faminto e nervoso. Então ela nos ensinou uma técnica em que oferecíamos meu leite pra você em um potinho através de uma sonda amarrada no dedo. Você sugava nosso dedo e tomava o leite como em um canudo. Feito isso você se acalmou, e ela pediu que tirasse a almofada de amamentação, sua roupa e qualquer outro pano que impedisse nosso contato. Posicionou você, pegou meu peito e encaixou na sua boca, como numa mágica e fez você mamar. A gente mal podia acreditar. Tentamos mais algumas vezes e você ia aprendendo aos poucos. Enquanto você mamava, conversamos muito, ela nos contou várias histórias, e descobrimos que temos uma amiga em comum no céu. Uma amiga que bem provavelmente intercedeu por nós e fez com que a gente se encontrasse. Foi muito emocionante. Aline me garantiu que a gente conseguiria, em alguns dias ou semanas, mas tudo ficaria bem. E assim foi. Ela voltou aqui em casa mais duas vezes, quando a gente se descontrolava e porque você ainda não pegava o peito esquerdo. Sem ela não teríamos conseguido.
Mais dias se passaram, eu e você grudados, tentando, e seu pai comemorando com a gente cada vez que conseguíamos. Nesse tempo eu quase não conseguia falar com ninguém. Me sentia frágil, emotiva e tinha dificuldade pra tocar no assunto. Três pessoas muito especiais me incentivaram, com mensagens simples, mas fundamentais quando a gente pensa em desistir, mensagens que diziam: "é assim mesmo, uma hora ele pega, não desista!" (Obrigada, Roberto, Andrea e Dani)
E aí, meu filho, como quem acaba de subir uma montanha bem alta, nós conseguimos. 
Você foi pegando com mais freqüência, eu entendi melhor como funcionava, sua boquinha foi crescendo e pegando o jeito. Sua pega foi ficando cada vez mais certinha. Passamos ainda alguns dias de adaptação com meu peito bem machucado, mas agora já não me importava, sabia que esse era o caminho certo.
Hoje você já tem três meses e mama em livre demanda, em várias posições, em qualquer lugar. Ganhou peso além do esperado, cresceu 13cm e fica cada dia mais lindo.
Queria muito que todas as mamães que enfrentam dificuldades na amamentação pudessem ter o apoio como tive do seu pai, tivessem acesso a profissionais como o doutor Marcus Renato e a Aline, e que contassem com o incentivo de amigos como os meus.
Que bom que a gente conseguiu, meu filho, e fortalecemos nossa família pra enfrentar as próximas dificuldades. 
Nós te amamos, filho.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Seu dia chegou



Era madrugada do dia 18. Por volta de 05h acordei, fui ao banheiro e vi que havia perdido o tampão mucoso. Acordei seu pai e falei com ele. Nos abraçamos em silêncio e deitamos. Logo depois as contrações vieram. Fracas e espaçadas ainda, mas agora eu tinha certeza que havia começado de verdade. Você estava pronto pra chegar.

Já tinha uma semana que estava com 2cm de dilatação e contrações de treinamento cada vez mais fortes. Mas agora sentia a barriga dura e aquela onda de dor que vinha das costas pra barriga e passava. Começamos a cronometrar o intervalo e duração.

O dia amanheceu, tomamos café e uma ansiedade boa tomou conta da gente. Seu pai queria logo ligar para o médico, mas eu sabia que ainda era cedo e que precisava esperar contrações mais fortes e frequentes. O tempo foi passando, e eu procurava uma posição confortável a cada onda que vinha, depois deitava no sofá enquanto seu pai me fazia cafuné. 

Por volta das 14h resolvemos ligar para o obstetra, e ele, como já imaginávamos, pediu que fossemos para a maternidade.

Então, seu pai e eu fomos para o seu quarto e conversamos com você. Dissemos o quanto estávamos felizes pela sua chegada, pedimos que ficasse tranquilo que estaríamos esperando você com muito amor aqui fora e que tudo daria certo. Rezamos juntos, pedimos a intercessão de Maria e a proteção de Jesus em todo o processo. E que a nossa família fosse abençoada.

Tomei um banho demorado e saímos.

Quando chegamos no hospital, fui examinada pela obstetra do plantão. Ela constatou 3cm de dilatação, colo apagado, bebê encaixado. Olhou pra mim, sorriu e disse: "Chegou a hora!" Nem sei descrever a felicidade que senti nessa hora. Seu pai me olhou e choramos juntos. Aquele momento que eu tanto quis estava acontecendo e as dores fortes das contrações não chegavam nem perto da emoção que tomava conta de mim.

Minha internação foi providenciada, ligamos para a família e para alguns amigos mais próximos.  

Algumas horas depois, já no quarto, curtindo as contrações, procurando posições mais confortáveis e nosso médico chegou. E foi aí que perdi nosso parto...

Ele me examinou, disse que passadas tantas horas eu ainda estava com 3cm de dilatação e que você ainda não tinha encaixado completamente e que a médica do plantão havia feito uma avaliação equivocada. Sendo assim, eu tinha duas opções: voltar pra casa e esperar a dilatação e rezar pra você descer mais ou fazer uma cirurgia para te tirar. Meu coração ficou apertado, senti uma tristeza e um fracasso. Sabia que seu pai não aceitaria voltar pra casa aquela altura e me vi na situação que mais queria evitar durante toda gestação. Chorei. De tristeza, de nervoso, de medo, de impotência... Queria muito ter você nos meus braços, lindo e saudável. Mas não daquela forma. Ouvi todas aquelas besteiras da família, aquela coisa de "o importante é que ele chegue bem, não faz diferença a forma que vem, já tava passando da hora, você não ia aguentar mesmo..."

Rezei. Pedi que Jesus me acalmasse e me desse serenidade pra te receber logo e que tudo acabasse rápido.

Seu pai foi para o centro cirúrgico, e eu fui levada na maca logo depois. 
Todo o processo que se deu em seguida não merece descrição. Não pra você, meu filho. Pra você, guardo o momento em que abaixaram o pano azul e te vi nas mãos do médico. Agradeci a Deus, olhei para o seu pai ali do meu lado, segurando meu rosto e chorando junto comigo. Logo depois te trouxeram embrulhadinho e te colocaram no meu colo. Ali estávamos nós três. Nossa família formada e o maior amor do mundo. Queria muito ter te amamentado ali, ter passado mais tempo com você e com seu pai. Mas logo te levaram novamente, para execução dos procedimentos conforme o padrão da maternidade. Seu pai te acompanhou e eu fiquei ali, vivendo outros momentos que também vou te poupar de saber.


Muito tempo depois, não sei quanto tempo, me levaram de volta para o quarto e pedi que chamassem seu pai. Depois soube que estavam lá também seus quatro avós, sua tia Daniele e seu tio André, sua tia Flavia e sua madrinha Juliana.

Enquanto me recuperava da anestesia, esperava ansiosa te trazerem de volta pra mim. Separaram a gente por um tempo, novamente por procedimento padrão do hospital, desculpa meu filho.

Mais tarde você chegou, trazido pela enfermeira do berçário. Uma lindeza. Deitou na cama comigo porque eu não podia ainda levantar, anestesiada. Nos conhecemos, nos olhamos ainda sonolentos, mas cheios de amor. Você tentou mamar um pouquinho, mas tava difícil e apesar da posição ruim ainda conseguiu tomar um pouquinho de colostro.

Seu pai e eu passamos a noite acordados. Não porque você chorou. Você dormiu bem tranquilo... Mas estávamos extasiados, felizes, tensos e dormir parecia impossível. Passamos a noite te olhando, observando cada movimento e ouvindo cada barulhinho.

Foi assim que nossa família nasceu, meu filho. Foi nesse dia que viramos três e nosso amor se multiplicou. A gente ainda nem sabia o quanto, mas foi depois desse dia que nossa vida mudou completamente.

Que bom que você veio, Rafael.



















quarta-feira, 2 de abril de 2014

Passando de 40 semanas?



Oi, filho!

Aqui estamos esperando sua chegada. Entramos na 40ª semana e isso é um absurdo pra todo mundo. Menos pra mim. Tô aqui ansiosa pela sua chegada, mas tranquila porque quero que seja quando você quiser. Confio no seu tempo e sei que na hora certa você vai fazer tudo acontecer, não se afobe.
É compreensível a ansiedade das pessoas... todos perguntam, todos se admiram e me questionam porque ainda não marquei uma cirurgia. Mas, pra ser bem sincera, eu tô curtindo muito esse momento. Gosto quando as pessoas me perguntam: "É pra quando?" e eu respondo: "A qualquer momento!" - você ia adorar ver a cara de susto das pessoas. 
Fico aqui em casa, me exercitando na piscina, desfilando meu barrigão, andando muito. Uma delícia. 
Seu pai tem me levado pra passear quase todos os dias, faz todas as minhas vontades e morre de nervoso quando digo que tenho contrações. A gente passeia, anda bastante, come comida apimentada, conversa sobre você e faz amor. (tudo recomendação pra ajudar no parto)
Suas coisas já estão todas prontas. Quarto arrumado, roupas lavadas, malas prontas. 
Presto atenção em todos os sinais que você dá no meu corpo. Cólicas constantes, contrações leves eventuais, pés muito inchados... Adoro nossa conexão. Adoro sentir minha barriga contorcida pelos seus movimentos. 
Sei que nossa hora está cada vez mais perto e aproveito cada minuto. Não poderia estar mais feliz, sua gestação foi super tranquila, deu tudo certo e por isso chegamos até aqui.
Não vou me preocupar por estar na 40ª semana. Estamos acompanhando seu desenvolvimento, esperando com segurança e ignorando a ignorância das pessoas. Vou continuar aqui ansiosa pra te ver e te apertar no meu colo, mas tranquila e confiante na sua decisão.
Vem tranquilo, meu filho, vem quando quiser. Estamos prontos pra te dar todo o amor do mundo quando você chegar.









O dia em que viramos dois



Meu filho,
Resolvi escrever essa carta pra você pra te contar que faz 7 anos que eu e seu pai nos casamos. Foi um dia agitado, estressante e seu pai estava muito nervoso. Uma coisa muito ruim tinha acontecido no dia anterior e a mamãe não conseguia se acalmar. Seu pai driblou todo o nervosismo, resolveu todos os problemas e fez de tudo pra gente passar por cima de todos os sentimentos ruins e aproveitar aquele momento tão especial.
Sim, era um momento muito especial, depois de 6 anos namorando, muitas dificuldades e muitas conquistas, seu pai e eu íamos nos casar. Planejamos cada momento, sonhamos com cada detalhe e o dia finalmente havia chegado.
Convidamos nossa família e nossos amigos queridos e recebemos muitas mensagens lindas de felicitações e muitos presentes bacanas. A mamãe tava ansiosa pra chegar na igreja e ver nossos convidados e compartilhar nossa felicidade.
Passei o dia inteiro sem ver seu pai, nos falamos algumas vezes pelo telefone, enquanto ele resolvia alguns problemas e eu não agüentava mais esperar pelo momento de chegar na porta da igreja e encontrar com ele lá em cima, no altar, me esperando.
Chegou a hora e saí de casa, no carro com seu avô. Cheguei na porta da igreja, nem consegui ouvir a música tocando, a porta abriu e eu vi seu pai lá... sério, nervoso, com o pescoço vermelho como ele fica quando ta estressado.... você vai ver!
Não tivemos uma festa linda como na maioria dos casamentos, mas tivemos uma cerimônia de verdade, sem ensaios, sem combinações, só eu e seu pai muito felizes e emocionados por estar vivendo aquele momento. E claro, a igreja repleta de pessoas queridas, compartilhando com a gente aquela benção. Seu pai chorou emocionado, dizendo os votos mais lindos e fez toda a igreja chorar junto.
O dia do nosso casamento foi muito especial, meu filho, uma benção do Papai do Céu. Mas, mais especial ainda é o que vem depois. Especial é viver com seu pai. Você vai ver como seu pai é um homem bacana, amoroso, preocupado e como cuida bem da gente. Foi por causa dele que eu pedi pro Papai do Céu pra deixar você vir pra nossa família, e eu rezo todos os dias pra você ter saúde, crescer com o exemplo dele e se tornar um homem de verdade, como ele.
Obrigada por ter vindo, meu filho, pra fazer nosso casamento ainda mais feliz
 Nós te amamos!