sábado, 19 de março de 2016

Cadê o bebê que tava aqui?

Oi, meu amor.

Numa manhã dessa semana estava na cozinha fazendo um bolo pra você. Olhei pra você ali do meu lado, em pé na escadinha de três degraus: mãos na farinha, pega espátula, liga batedeira, quer abrir a torneira, quer encher a xícara, derrama farinha no chão, derruba o potinho de fermento... 

Olhei pra nós dois ali dividindo aquela tarefa e me lembrei de quando era um bebezinho de colo. Lembrei de quando eu mal conseguia ir ao banheiro porque nunca consegui deixar você chorando sozinho no berço. 

Pensei no quanto as coisas mudaram em dois anos (e dois meses).

Me dei conta de que, segunda a nomenclatura oficial, você já não é mais um bebê. É uma criança pequena, que me acorda com um sorriso todos os dias e me dá bom dia. Que escolhe com o que quer brincar, as músicas que quer ouvir e que inventa letras engraçadas pra melodias conhecidas. Uma criança que conversa, que conta como foi o dia, que fala no telefone e pede "manguinha" de sobremesa. Um menino engraçado, que pede pra falar com papai no FaceTime todas as manhãs, que sobe nas costas dele quando chega do trabalho e que pede pra ele jogar futebol, soltar bolinhas de sabão e tomar banho de chuva. E sim, uma criança que gosta de correr, de subir em tudo, de testar, de experimentar, de descobrir, de ver até onde pode ir. E eu tenho morrido de amores... 

Eu fico muito feliz de olhar pra trás e ver que vivi intensamente todas as fases até agora, que morri de cansaço, chorei e me desesperei várias vezes, mas tenho aqui comigo todas as lembranças desse bebê careca gorducho, pendurado no peito pra lá e pra cá. Tenho muito orgulho da gente, filho, da nossa história, de nós três, da nossa família. 

Quando a gente está no meio do furacão que é ter um bebezinho em casa, quando a gente se vê pela primeira vez com aquele neném que só para de chorar no peito, com mamadas a cada meia hora, quando a gente olha em volta e só vê fraldas e panos golfados, a gente acha que não vai dar conta, que não vai terminar nunca. E eu estranhava quando ouvia: "é assim mesmo, vai passar." Mas é verdade, meu amor, passou. Você cresceu, eu amadureci, aprendi um monte e o furacão cessou. E na minha loucura de maternidade, olho pra você, criança, hoje e tenho esse misto de orgulho e saudade. 

Muito provavelmente, daqui a algum tempo vou me lembrar dessa manhã fazendo bolo com você do meu lado bagunçando tudo e vou morrer de saudade também. E não tem felicidade maior pra mim, nesse momento, do que saber que estamos vivendo todas essas fases juntos e construindo deliciosas recordações. 

Eu te amo, filho.