segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Carta do Dindo

 





Já não os chamo servos, porque o servo não sabe o que o seu senhor faz.

 Em vez disso, eu os tenho chamado amigos,

 porque tudo o que ouvi de meu Pai eu tornei conhecido a vocês. (João 15:15)





Olá, Rafa. A essa altura de sua vida, eu e você já nos conhecemos bem. Eu sou seu dindo e queria te falar umas coisinhas...


Hoje você faz um aninho.  E a gente poderia aqui falar de um monte de coisas que eu e todo mundo sente por chegarmos até aqui e sobre tudo o que desejamos que aconteça na sua vida. Mas a vida é uma caixinha de surpresa. E eu queria falar um pouquinho sobre ela...


Vida é emoção, sabe? Emoção boa, emoção ruim. Quando você andar de montanha-russa, e a sua mãe vai amar te ver numa montanha-russa (sqn!), você vai entender o que eu quero dizer. Você nunca sabe o que te espera quando você entra numa sala nova, quando vira uma esquina, quando toma uma decisão. E aí (isso sim é previsível!) coisas legais e às vezes coisas não tão legais acontecem conosco. Papai, mamãe, todo mundo quer que só coisas boas aconteçam com a gente, mas esse jogo é assim mesmo: a gente ganha e perde o tempo todo numa mesma partida.


Então, você pode pensar assim: “mas dindo, se tem emoção que não é legal vale a pena jogar mesmo assim?”. Vale, querido! Vale muito! E vou te falar de uma arma que nós temos na vida e que nos ajuda a jogar melhor e a vencer todas as batalhas: a amizade. A amizade é um poder que nós temos. Ela é força e antídoto, é sentido e suporte. É a única coisa real que uma pessoa pode ter e que quando tem se torna super-herói.


Ter um amigo de verdade é a coisa mais difícil que tem. Você já fez gol de letra? Nem eu! Pois é! É muito difícil. Mas quando você encontra um amigo de verdade, uma pessoa que chora no carro com você, no momento mais difícil da sua vida, quando você tem pessoas que são as primeiras que visitam seu filho no dia em que ele nasceu; que te manda o email mais sincero e emocionante da sua vida; quando você tem pessoas que a todo instante provam que estão ao seu lado e que te amam de verdade, você descobre que não está sozinho no mundo, sabe? E isso é muito bom! E ninguém quer ficar sozinho, não é mesmo? Você não gosta de sentir o calor da mamãe enquanto você está mamando? Pois, então! Ter um amigo de verdade ao seu lado é estender esse calor, essa energia, por toda a sua vida. E isso é realmente muito bom!


Sabe, Papai do céu facilita um pouco nosso trabalho de encontrar nossos maiores amigos. Primeiro ele nos dá um papai e uma mamãe. ‘Papai e mamãe’ é algo muito bom! Eles cuidam da gente, amam a gente quando a gente faz bagunça e quando a gente ganha medalha na escola. Amam a gente quando dormimos e quando não deixamos eles dormir. Amam a gente quando a gente nem merece que eles nos amem. Por isso, Rafa, reconheça sempre na sua vida a amizade de seus pais. Dificilmente você encontrará amizade maior que essa.


Outras amizades irão aparecer na sua vida: colegas de escolas, namoros, colegas de trabalho. E isso também é muito legal! Mas fique esperto! Do meio de tantos amigos, de tanta gente engraçada, você pode ter duas sortes. Uma é a sorte de encontrar um grande amor, mas sobre esse assunto prefiro conversar com você depois, quando maiorzinho. A outra é a sorte de encontrar seus melhores amigos. Maior sorte da vida. Maior sorte da vida. Sorte de quem vai ter pra sempre alguém que tem interesse pelas suas questões, que te ouve, que precisa te ouvir, que nem precisa terminar de te ouvir pra começar a rir, que nem precisa te ouvir para chorar junto de ti. Quando você perceber que essas pessoas apareceram, você vai ter que mudar a estratégia do jogo, porque você estará mudando de fase no game: estará entrando na fase das conexões definitivas, dos laços verdadeiros que só o amor é capaz de ligar, juntar e manter.


Sabe Rafael, eu amo seus pais. Amo de verdade! E tudo, tudo que desejo pra você no dia do seu aniversário é que lá na frente, quando você estiver grandinho e precisar caminhar mais sozinho no jogo da vida, você encontre, como eu encontrei, pessoas assim: que te amem e te ajudem e que mutuamente vocês possam trazer mais alegrias para si. Você verá que isso é muito, muito, muito bom!



Amo você!

dindo

sábado, 17 de janeiro de 2015

1 ano!


Meu filho...

Hoje você faz um ano. Desde antes de você nascer eu já escrevia cartas pra você. Muitas. Nem todas estão publicadas, mas todas guardam memórias de sentimentos, momentos vividos, recordações escritas, que um dia, talvez numa tarde qualquer de domingo em casa, quem sabe com você ao meu lado, me farão reviver esse tempo que não volta mais.
Fazendo uma retrospectiva dessas cartas, vi que desde que soube que estava dentro de mim, você foi meu foco. Sua chegada, sua amamentação, seu desenvolvimento, suas gracinhas, toda a mudança que você trouxe pra nossa vida. Hoje, pensando aqui nessa retrospectiva de um ano, pensei em mim. Pensei no quanto mudei. Olho pra você ali dormindo e me pergunto o que foi mesmo que me aconteceu nesse ano todo. Onde é que eu estava enquanto você arrebatava meu coração e virava tudo de cabeça pra baixo? Como foi que me tornei essa pessoa de agora, que dorme pouco, trabalha muito mais, se afeta bem menos, e tem MUITO, muito mais amor no coração?
Você me transformou, Rafael. Você fez de mim uma pessoa mais grata, com ambições bem mais simples. Me fez mais forte, mais resiliente e mais corajosa. Aprendi a ser mais prática, mais rápida e complicar menos. Você me mostrou que mesmo quando acho que não vou aguentar, posso ser muito mais resistente do que imaginava. Eu cresci, filho. Eu aprendi um monte de coisa nova, eu li milhares de textos, eu estudei todas as possibilidades e você me fez entender que nada disso adianta porque não podemos controlar todas as coisas. Eu aprendi a lidar com o inesperado, com o  não-planejado. Me superei quando em qualquer outro momento teria desistido. Eu fui firme quando foi preciso e consegui flexibilizar quando foi sensato. Entendi que não vou sempre dar conta de tudo, e ok, não há problema nisso. Eu aprendi a deixar pra lá... não quero mais levar tudo tão a sério, nem me importar tanto porque descobri o que me importa de verdade. Eu descobri que sim, sempre tive uma vida bem feliz, mas que um bebezinho no colo sorrindo pra você pode fazer a felicidade tomar dimensões inimagináveis. Eu vi meu amor pelo seu pai aumentar absurdamente observando o jeito como cuida de você e a dedicação incondicional à nossa família. Você mudou minha autoestima, me fez sentir sensacional, poderosa, me faz ter muito orgulho de mim mesma. Desde que você chegou, em todos os momentos com você aqui, eu fiz o meu melhor, eu dei o melhor de mim, mesmo errando aqui e ali. Me sinto cansada, sim, quase sempre com sono, com dor nas costas e sem tempo. Mas aprendi a não fazer disso um problema. Na verdade, poucos problemas resistem àquele momento que você acorda, me chama e estende os bracinhos pra mim, sorrindo. Eu ainda me pergunto, quando olho pra você aninhadinho no meu colo, mamando tranquilo: "Como eu pude? O que eu fiz pra merecer?"
Tudo isso em um ano. Eu mudei por você, pra você, por sua causa. E sei, meu filho, que ainda tenho uma vida inteira pela frente pra crescer com você. E mal posso esperar por isso.

É seu aniversário, meu amor. Seu primeiro aniversário. Quantas coisas pra comemorar. Quantas bênçãos pra agradecer. Há quem diga que o primeiro aniversário do bebê é uma comemoração para os pais. Pode ser... Mas vamos comemorar juntos. Nossa família está em festa. Obrigada por ter vindo.
Te amo.