sexta-feira, 3 de março de 2017

A tal da leveza

Oi, filho.










Eu fiquei pensando nesses últimos dias de férias no quanto estava cansada. Física e emocionalmente cansada.
Você cresceu, ficou mais independente, mas as demandas continuam intensas, apesar de diferentes e nem sempre a gente consegue lidar com tranquilidade.

Esse garotinho esperto e ativo que você se tornou questiona minhas ações o tempo todo.
Me diz não.
Me desafia.
Não quer agora.
Ou quer já.
Corre de mim.
Não quer entrar no banho.
Não quer sair do banho.
Grita.
Faz pirraça.
Pergunta mil coisas que eu não sei.
Não aceita qualquer resposta.
Escancara tudo que eu faço de errado.

A gente tenta resolver tudo com amor, com exemplo, com abraço e conversa. Mas às vezes a gente grita, perde o controle e faz do jeito que não devia fazer.
Depois a gente respira, se acalma, pede desculpas um pro outro, se abraça e faz cosquinhas até não aguentar mais.

Tenho refletido sobre como é difícil lembrar, no meio do furacão, que precisamos lidar com tudo isso com mais leveza. A correria do dia-a-dia vem atropelando tudo e nem sempre conseguimos parar e lembrar que tem um serzinho crescendo ali, aprendendo a cada segundo, observando nossos exemplos, descobrindo suas emoções e sentimentos e tendo que se encaixar nessa rotina corrida que a vida nos impõe.

Das várias coisas que já aprendi até agora com você, uma das mais importantes é aquele clichê de "vai passar". Toda mãe já ouviu aquela história de "aproveita tudo que passa muito rápido".
Não é simples pensar assim não. Mas é a mais pura verdade.

Um dia quem vai estar nessa correria será você.
Pra escola, pro curso, estudando, saindo, aproveitando, ganhando o mundo.

Certamente, nesse dia, vou olhar pra trás e lembrar das coisas boas.
Das risadas
Das respostas engraçadas
De fugir pelado pela casa
De fazer penteados malucos no banho
De pedir frutinha quando dá fome
De esperar seu pai chegar pra dar um "abraço de família"
Das escapadas pra nossa cama no meio da noite
Da vontade de mamar enquanto eu lavo a louça
De brincar de esconder sem estar escondido
De ler a mesma história infinitas vezes
Das músicas inventadas, com letras debochadas
Do pedido de colo na hora do medo ou da dor
Do mamá na hora de dormir e de acordar
Do "mamãezinha eu te amo desse tamanho todo"
E de tantas outras coisas que as vezes deixo passar...

Certamente, o que vai ficar é o amor sem tamanho que a gente vive agora intensamente e que o meu cansaço e minha rotina corrida insistem em tirar do foco.
Já quase consigo sentir a saudade que vou ter de tudo isso.
Então olho pra nós e agradeço estar vivendo esse agora.
E tento lembrar disso todas as vezes que perco o controle.
Vou levando com mais leveza.
Vai passar, eu sei.

Te amo, meu amor.