quinta-feira, 16 de junho de 2016

Ninguém sabia...

Oi, filho.



Esses dias estive conversando com uma amiga muito querida que tem um bebê pequeno. Tivemos uma conversa bem franca, como a intimidade que temos nos permite, sobre o quanto estava cansada, sobre como se sentia com o fim da licença maternidade, sobre como tudo se transforma com a chegada de um bebê e sobre tantas questões complicadas na vida de uma mãe, principalmente de uma mãe de primeira viagem.

No meio de seu desabafo angustiado, ela me disse: "Eu não sabia que seria assim."
E essa frase martelou na minha cabeça essa semana e eu tive uma vontade de enorme de atravessar o telefone e abraçá-la demoradamente.

Sabe, filho, é por você que sinto o amor que jamais imaginei sentir na vida. O maior amor do mundo. Mas eu também não sabia que seria assim. Queria que essa minha amiga soubesse que ninguém sabia. Ninguém pode imaginar.

Por que as pessoas não falam sobre isso?
Por que fazemos tantas mães se sentirem mal ou culpadas por se acharem diferentes de todas as outras?
Muito se fala no amor incondicional, na plena realização, no sentimento mais bonito do mundo que surge quando temos um bebezinho como você no colo, meu amor...  Mas poucas pessoas têm a coragem de falar no outro lado. Pouco se ouve a respeito de como a maternidade afeta a vida da mulher na parte prática, é quase um segredo o fato de que mesmo que a gente conte com uma super rede de apoio, às vezes a gente se sente sozinha numa busca por quem a gente era antes. 

E isso, meu amor, nada tem a ver com esse amor louco que sinto por você, tampouco com a felicidade que sinto por ter tido a bênção de recebê-lo na minha vida.

A verdade é que depois dessa conversa com minha amiga, tive vontade de falar várias coisas pra ela... Porque a maternidade me ensinou também que podemos tornar as coisas um pouco mais fáceis, se soubermos que outras pessoas passam pelas mesmas situações e sentem da mesma forma e não somos assim tão diferentes.
Então, querida, saiba:
Sim, é um cansaço louco, sem fim.
Sim, dá a impressão de que não vamos dar conta.
Sim, seu corpo levou 9 meses crescendo e não volta ao que era antes em 6 meses. E é normal, não ter ânimo , nem força, nem vontade de pensar nisso agora.
Sim, é difícil conciliar a maternidade com trabalho. A gente fica dividida, se cobra pelas duas atribuições e se culpa por não dar conta.
Sim, é normal chorar. Tudo bem chorar, amiga. Alivia, desabafa, extravasa.
Sim, você e seu marido vão encontrar o caminho pra acertar tudo e fazer dar conta. No tempo de vocês. Tudo bem.
Sim, a gente jura que vai seguir várias teorias ótimas sobre criação dos filhos e na hora da verdade faz o que consegue, o que parece mais apropriado, o mais conveniente, e ok... Seguimos aprendendo.
E o mais importante:
Sim, vai passar. Vai passar, amiga.
As coisas vão se ajeitando, a gente entra no ritmo, a gente aprende um monte, cresce junto com eles. E é sensacional.
E quando olhar pra trás, vai morrer de orgulho de ter passado por tudo isso, por estar criando esse serzinho lindo, pela sua família e por ter se transformado numa pessoa melhor e mais forte.
E aquele amor incondicional do qual todos falam... Esse só cresce.
É bem assim que me sinto, Rafa, com você na minha vida. E sei que minha amiga vai sentir também. Logo, logo.

Te amo, filho.