domingo, 19 de outubro de 2014

9 meses - Eleições e Lições

Oi filho!

Hoje você completa 9 meses. 
Cada dia mais esperto, mais curioso e simpático. Sim, daqueles bebês que riem pra todo mundo, fazem gracinhas pra estranhos e não estranham colo de ninguém. Se alimenta bem, engatinha, fica em pé com apoio, adora banho (de chuveiro, de banheira e de piscina), dá tchau, diz NÃO com a cabecinha, tem quatro dentes e mama, mama, mama. 
Nesse mês em que você completa 9 meses e faz a gente morrer de amor a todo instante, estamos passando por uma época de eleições. Um momento importante para o país em que decidimos entre dois candidatos  ao cargo de presidente da república. 
Diferente de todos os outros períodos de eleições pelos quais já passei, esse apresentou o uso de uma ferramenta que poderia ser muito proveitosa se fosse usada de forma consciente: o compartilhamento de informações pela internet. Estranhamente, as pessoas perderam a oportunidade de usar a internet para conhecer propostas, estudar planos de governo, saber sobre histórico dos candidatos e resolveram usar redes sociais para atingir, ofender e atacar seus próprios amigos com intenção de voto diferente.
Nessas últimas semanas vi posts de xingamentos e ironias, pessoas irritadas e descompensadas com a possibilidade de seus amigos não votarem no mesmo candidato que elas. Tudo muito esquisto.
E o que isso tem a ver com você, meu filho?
Quase tudo que acontece agora me remete a você. Tenho pensado no quanto quero te ensinar sobre respeitar as diferenças, sobre se colocar no lugar do outro, sobre não ter preconceitos e sobre cultivar amizades. 
Tenho pensado no quanto quero te mostrar que a vida nos apresenta muitos caminhos e cada um escolhe o que é melhor pra si e a amizade continua. 
Quero muito que você aprenda que as pessoas podem ser o que quiserem se continuarem respeitando o próximo. Que ter liberdade de expressão não significa destilar ódio e estimular agressividade por pessoas ou coisas  com as quais não concorda. 
Tomara que a sua geração venha com o coração mais aberto, com mais gentileza, com bom humor. Que saibam fazer suas escolhas de forma inteligente e que aceitem as diferentes. E que se amem.
Ainda vamos conversar muito sobre o amor, filho, esse sentimento com que você preenche nossas vidas e que anda faltando por aí...

Um beijo, filho.


quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Adolescentes

Oi, filho!

Ontem enquanto dava aula pra minha turma de adolescentes pensei em você. 
Pensei em como gostaria que você fosse daqui a alguns anos quando estiver no lugar daqueles meninos, ocupando aquelas carteiras. Uma bobagem, eu sei. Não posso e não devo projetar expectativas pra situações ainda tão distantes... Eu sei.  
Mas olho aqueles meninos às vésperas da prova, uns prontos, com exercícios feitos em dia, outros atrasados terminando tudo em cima da hora e outros ainda nem aí pra nada.
Olhei pra eles e me perguntei qual caminho teriam percorrido pra chegar até aqui dessa forma. Como teriam seus pais agido para que cada um deles se transformasse num adolescente estudioso ou relapso ou enrolado ou mesmo alheio a tudo que nos parece importante? Seria a atitude deles uma consequência absoluta da criação que recebem? Como fazer para que um bebezinho fofo como você cresça sabendo da importância do conhecimento, da educação formal, sem fazer disso uma obrigação enfadonha, entendendo a graça de aprender o mundo? Como achar o equilíbrio entre criar um jovem que estuda perdido em ambição, obrigações e competitividade e um que não quer estudar nada, não se anima, não se interessa e não vê graça em aprender? Que difícil.
Sabe filho, eu adoro trabalhar com adolescentes. Adoro essa fase dita difícil, de crescimento, de transformação, descobertas e dúvidas. Observo, escuto, converso, descubro e aprendo. É fascinante. Confesso que tenho uma predileção pelos mais espontâneos. Aqueles que estudam sim, tiram notas boas, mas sem perder a leveza, sem a seriedade do mundo adulto, sem a perspectiva de terem que ser melhores em tudo, sem a chatice de ser um "CDF"...  São geralmente engraçados, cativantes, inteligentes, e gostam de aprender. Às vezes até atrapalham a aula. E eu quase sempre deixo. E me divirto. Encarar as responsabilidades da vida com leveza e bom humor é uma virtude. Como será que conseguimos criar jovens assim? Ontem, olhando esses meninos, pensei em você e essa pergunta ficou aqui martelando. 
Fui pra casa e enquanto brincávamos no chão do quarto com seu pai, ri de mim mesma. Você ainda nem anda e eu aqui já pensando na sua adolescência. 
Um passo de cada vez, né? 
Tomara que eu e seu pai saibamos fazer o certo, que a gente encontre o caminho do equilíbrio e que você seja um desses adolescentes gente boa, divertido, que dá orgulho nos professores, e nos pais, é claro.
Te amo, filho.