quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Adolescentes

Oi, filho!

Ontem enquanto dava aula pra minha turma de adolescentes pensei em você. 
Pensei em como gostaria que você fosse daqui a alguns anos quando estiver no lugar daqueles meninos, ocupando aquelas carteiras. Uma bobagem, eu sei. Não posso e não devo projetar expectativas pra situações ainda tão distantes... Eu sei.  
Mas olho aqueles meninos às vésperas da prova, uns prontos, com exercícios feitos em dia, outros atrasados terminando tudo em cima da hora e outros ainda nem aí pra nada.
Olhei pra eles e me perguntei qual caminho teriam percorrido pra chegar até aqui dessa forma. Como teriam seus pais agido para que cada um deles se transformasse num adolescente estudioso ou relapso ou enrolado ou mesmo alheio a tudo que nos parece importante? Seria a atitude deles uma consequência absoluta da criação que recebem? Como fazer para que um bebezinho fofo como você cresça sabendo da importância do conhecimento, da educação formal, sem fazer disso uma obrigação enfadonha, entendendo a graça de aprender o mundo? Como achar o equilíbrio entre criar um jovem que estuda perdido em ambição, obrigações e competitividade e um que não quer estudar nada, não se anima, não se interessa e não vê graça em aprender? Que difícil.
Sabe filho, eu adoro trabalhar com adolescentes. Adoro essa fase dita difícil, de crescimento, de transformação, descobertas e dúvidas. Observo, escuto, converso, descubro e aprendo. É fascinante. Confesso que tenho uma predileção pelos mais espontâneos. Aqueles que estudam sim, tiram notas boas, mas sem perder a leveza, sem a seriedade do mundo adulto, sem a perspectiva de terem que ser melhores em tudo, sem a chatice de ser um "CDF"...  São geralmente engraçados, cativantes, inteligentes, e gostam de aprender. Às vezes até atrapalham a aula. E eu quase sempre deixo. E me divirto. Encarar as responsabilidades da vida com leveza e bom humor é uma virtude. Como será que conseguimos criar jovens assim? Ontem, olhando esses meninos, pensei em você e essa pergunta ficou aqui martelando. 
Fui pra casa e enquanto brincávamos no chão do quarto com seu pai, ri de mim mesma. Você ainda nem anda e eu aqui já pensando na sua adolescência. 
Um passo de cada vez, né? 
Tomara que eu e seu pai saibamos fazer o certo, que a gente encontre o caminho do equilíbrio e que você seja um desses adolescentes gente boa, divertido, que dá orgulho nos professores, e nos pais, é claro.
Te amo, filho.













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