sexta-feira, 11 de abril de 2014

Seu dia chegou



Era madrugada do dia 18. Por volta de 05h acordei, fui ao banheiro e vi que havia perdido o tampão mucoso. Acordei seu pai e falei com ele. Nos abraçamos em silêncio e deitamos. Logo depois as contrações vieram. Fracas e espaçadas ainda, mas agora eu tinha certeza que havia começado de verdade. Você estava pronto pra chegar.

Já tinha uma semana que estava com 2cm de dilatação e contrações de treinamento cada vez mais fortes. Mas agora sentia a barriga dura e aquela onda de dor que vinha das costas pra barriga e passava. Começamos a cronometrar o intervalo e duração.

O dia amanheceu, tomamos café e uma ansiedade boa tomou conta da gente. Seu pai queria logo ligar para o médico, mas eu sabia que ainda era cedo e que precisava esperar contrações mais fortes e frequentes. O tempo foi passando, e eu procurava uma posição confortável a cada onda que vinha, depois deitava no sofá enquanto seu pai me fazia cafuné. 

Por volta das 14h resolvemos ligar para o obstetra, e ele, como já imaginávamos, pediu que fossemos para a maternidade.

Então, seu pai e eu fomos para o seu quarto e conversamos com você. Dissemos o quanto estávamos felizes pela sua chegada, pedimos que ficasse tranquilo que estaríamos esperando você com muito amor aqui fora e que tudo daria certo. Rezamos juntos, pedimos a intercessão de Maria e a proteção de Jesus em todo o processo. E que a nossa família fosse abençoada.

Tomei um banho demorado e saímos.

Quando chegamos no hospital, fui examinada pela obstetra do plantão. Ela constatou 3cm de dilatação, colo apagado, bebê encaixado. Olhou pra mim, sorriu e disse: "Chegou a hora!" Nem sei descrever a felicidade que senti nessa hora. Seu pai me olhou e choramos juntos. Aquele momento que eu tanto quis estava acontecendo e as dores fortes das contrações não chegavam nem perto da emoção que tomava conta de mim.

Minha internação foi providenciada, ligamos para a família e para alguns amigos mais próximos.  

Algumas horas depois, já no quarto, curtindo as contrações, procurando posições mais confortáveis e nosso médico chegou. E foi aí que perdi nosso parto...

Ele me examinou, disse que passadas tantas horas eu ainda estava com 3cm de dilatação e que você ainda não tinha encaixado completamente e que a médica do plantão havia feito uma avaliação equivocada. Sendo assim, eu tinha duas opções: voltar pra casa e esperar a dilatação e rezar pra você descer mais ou fazer uma cirurgia para te tirar. Meu coração ficou apertado, senti uma tristeza e um fracasso. Sabia que seu pai não aceitaria voltar pra casa aquela altura e me vi na situação que mais queria evitar durante toda gestação. Chorei. De tristeza, de nervoso, de medo, de impotência... Queria muito ter você nos meus braços, lindo e saudável. Mas não daquela forma. Ouvi todas aquelas besteiras da família, aquela coisa de "o importante é que ele chegue bem, não faz diferença a forma que vem, já tava passando da hora, você não ia aguentar mesmo..."

Rezei. Pedi que Jesus me acalmasse e me desse serenidade pra te receber logo e que tudo acabasse rápido.

Seu pai foi para o centro cirúrgico, e eu fui levada na maca logo depois. 
Todo o processo que se deu em seguida não merece descrição. Não pra você, meu filho. Pra você, guardo o momento em que abaixaram o pano azul e te vi nas mãos do médico. Agradeci a Deus, olhei para o seu pai ali do meu lado, segurando meu rosto e chorando junto comigo. Logo depois te trouxeram embrulhadinho e te colocaram no meu colo. Ali estávamos nós três. Nossa família formada e o maior amor do mundo. Queria muito ter te amamentado ali, ter passado mais tempo com você e com seu pai. Mas logo te levaram novamente, para execução dos procedimentos conforme o padrão da maternidade. Seu pai te acompanhou e eu fiquei ali, vivendo outros momentos que também vou te poupar de saber.


Muito tempo depois, não sei quanto tempo, me levaram de volta para o quarto e pedi que chamassem seu pai. Depois soube que estavam lá também seus quatro avós, sua tia Daniele e seu tio André, sua tia Flavia e sua madrinha Juliana.

Enquanto me recuperava da anestesia, esperava ansiosa te trazerem de volta pra mim. Separaram a gente por um tempo, novamente por procedimento padrão do hospital, desculpa meu filho.

Mais tarde você chegou, trazido pela enfermeira do berçário. Uma lindeza. Deitou na cama comigo porque eu não podia ainda levantar, anestesiada. Nos conhecemos, nos olhamos ainda sonolentos, mas cheios de amor. Você tentou mamar um pouquinho, mas tava difícil e apesar da posição ruim ainda conseguiu tomar um pouquinho de colostro.

Seu pai e eu passamos a noite acordados. Não porque você chorou. Você dormiu bem tranquilo... Mas estávamos extasiados, felizes, tensos e dormir parecia impossível. Passamos a noite te olhando, observando cada movimento e ouvindo cada barulhinho.

Foi assim que nossa família nasceu, meu filho. Foi nesse dia que viramos três e nosso amor se multiplicou. A gente ainda nem sabia o quanto, mas foi depois desse dia que nossa vida mudou completamente.

Que bom que você veio, Rafael.



















2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Lembro bem desse dia, foi lindo e emocionante ver o Cris aparecendo com o Rafael.
    Vocês são uma família muito especial e abençoada e merecem ser muito felizes. Rafael chegou para aumentar ainda mais o amor de vocês e o meu amor por essa família linda.

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