Rafael,
Sua mãe e eu nos conhecemos em 2001. Um ano após o
"fim do mundo". Sim, todos acreditavam que o mundo acabaria no ano 2000.
Para nossa sorte isso não aconteceu. Sua mãe começou a trabalhar onde
eu já trabalhava, no CCAA Belford Roxo, que hoje não existe mais.
Preciso confessar que no início eu meio que "torcia o nariz" para ela.
Não entendia bem o que ela estava fazendo ali. Você acredita Rafa, que
ela ficava observando enquanto eu fazia o meu trabalho? Eu ficava brava
quando ela me dizia para falar com o Cristiano, do CCAA Laranjeiras,
quando eu tinha alguma dúvida. Pois é, o seu pai já existia...
Mas, com o
passar do tempo, Rafa, a nossa amizade foi só crescendo e sua mãe foi
se tornando cada vez mais necessária na minha vida. Seu pai, no início,
achava que eu não era boa companhia para a sua mãe. Mas logo isso passou
também.
Milhões de coisas aconteceram. Coisas boas e coisas ruins. Até
o dia que tudo mudou. Saímos de Belford Roxo e sua mãe se tornou a dona
do CCAA Del Castilho. E lá fui eu. Junto com ela. Nossa amizade só se
fortaleceu e passamos a ter certeza que era pra sempre.
Seus pais se
casaram em uma cerimônia linda. Chorei do início ao fim. E ali se formou
a sua família.
Seus pais sempre foram o meu porto seguro. Quando eu
ficava triste era por eles que eu procurava. E eles lamentavam comigo.
Quando eu ficava feliz era por seus pais que eu procurava. E eles
comemoravam comigo. Para que você possa entender melhor: sua mãe abriu
mão do meu trabalho ao lado dela para que eu pudesse crescer na minha
careira e mudasse de emprego. Seus pais, Rafa, sempre foram aqueles com
quem eu sempre pude contar.
E assim, no meio de tanta amizade, sua mãe
me deu a notícia: estava grávida. Fui a primeira, a saber, sabia? Antes
mesmo do seu pai. Preciso te confessar que fiquei sem chão. Como eu,
pessoa ciumenta (você vai perceber isso jajá!), poderia lidar com a
gravidez da minha melhor amiga? Como eu iria dividi-la com o filho, que
certamente ela amaria muito mais do me amava?
E mais uma vez a nossa amizade prevaleceu e eu passei a curtir a
gravidez da sua mãe. Passei a curtir, cada vez mais, a vida que crescia.
Curti os momentos. Fiquei imensamente feliz ao saber que era um menino,
muito embora tivesse sonhado que era uma menina...
E chegou o dia,
Rafa. O dia em que você nasceu. E eu estava lá. Ao lado dos seus pais.
Falei com a sua mãe antes de você nascer. Ela estava angustiada.
Nervosa. E você nasceu. Entrou no berçário no colo do seu pai. Eu não
chorei. Você era um menino lindo. Uma benção de Deus. Visitei seus pais
no quarto da maternidade e a sua mãe me perguntou: "Ele é lindo?" E eu
só respondi: "É amiga. Ele é lindo!"
Eu recebia da sua mãe fotos
diárias. Duas semanas depois eu fui te visitar na sua casa. E, sim, você
era lindo. E eu já te amava da mesma forma que amava seus pais.
Na
minha terceira visita veio a surpresa: seus pais me convidaram para ser
sua madrinha. Olha isso, Rafa: sua madrinha! E eu não soube nem
expressar meu agradecimento e minha felicidade. Claro que eu aceitei.
Claro que eu queria ser sua madrinha. Esse foi o maior gesto de amor de
que seus pais poderiam ter comigo. Entregar a mim o amor vida deles:
você! Isso foi hoje. E até agora, 3h depois, ainda não consegui parar de
tremer. Estou sentindo a felicidade transbordar. Não esta cabendo em
mim...
Rafa, tenha certeza que eu te amo muito e que estarei ao seu lado
para sempre. Tenha certeza que você é um menino que foi muito esperado e
muito celebrado. Quero que Deus esteja presente na sua vida, te guiando
e abençoando a cada dia. Você faz parte da minha vida e a fará muito
mais feliz!
Vou aproveitar para te pedir para agradecer aos seus pais
por confiarem em mim para esta missão. Diga a eles que farei o
impossível para mostrar a você um mundo de amor: amor a Deus, amor à
família, amor ao próximo...
Eu te amo, Rafa. Desde sempre. Para sempre!
Sua madrinha,
Juliana.
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