quarta-feira, 9 de julho de 2014

A vida segue, né?






Oi, filho!

Essa semana saí de carro sozinha com você.
Dirigir sempre foi algo muito corriqueiro pra mim, aprendi a duras penas a não ter medo e sempre andei de carro pra lá e pra cá.
Mas quando você nasceu o mundo parou. Parecia que a gente nunca mais ia sair de casa. Vivemos profundamente seus primeiros momentos e isso nos bastava.
Aos poucos, a gente começou a lembrar que tinha um mundo lá fora que você precisava conhecer.
Então, começamos a sair pra passear, seu pai sempre dirigindo e eu atrás, com você, do ladinho da sua cadeirinha. Vamos cantando, conversando, mexendo com seus brinquedinhos e você gosta muito, quase sempre adormece no caminho.
O tempo foi passando, a poeira abaixando, você ficando cada dia mais lindo e esperto. E de repente, a vida ao redor começa a chamar.
Tudo pronto pra voltar a trabalhar e carregar você comigo.  Sim, porque  a amamentação em livre demanda (e o meu coração apertado) ainda não permite nossa separação, mesmo que seja por algumas horas.
Então, eu fui. Primeiro a gente tinha caronas de seus avós e de gente querida que vinha nos buscar em casa. Depois chamava um táxi e rapidinho a gente chegava.
Até que chegou o dia em que seu pai me disse: "Amanhã, como você precisa ir ao banco antes do trabalho, fica com o carro pra agilizar." Fiquei tensa. Ainda não tinha pensado nessa possibilidade. Parece uma bobagem, mas várias coisas me vieram à cabeça. Como ele vai sozinho atrás, com essa cadeirinha que fica de costas pra mim? E se ele começar a chorar no caminho? E se alguma coisa me acontecer? 
Mas enfim, a vida segue. Seu pai me acalmou e me incentivou.
Acordamos, seguimos nossa rotina diária, nos aprontamos, rezei e fui.
Você atrás, de costas pra mim, apenas ouvindo minha voz. Fomos conversando o tempo todo, cantando nossas músicas e logo chegamos.
O trânsito da nossa cidade, sempre muito familiar pra mim, de repente parecia uma selva. Na verdade, depois que a gente vira mãe, coisas muito simples e corriqueiras tornam-se assustadoras. É preciso coragem pra seguir a vida com a responsabilidade de cuidar de outra vida. E tive orgulho de nós dois por isso. De você por ter se comportado e facilitado esse momento pra mim. E de mim, por dar conta desse momento, dando mais um passo de tantos outros que ainda virão, com você comigo.
Que Deus me ajude.
Te amo, filho.


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